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Índice de sofrimento económico no seio dos jovens angolanos está acima dos 80%, revela estudo da Faculdade de Economia da UAN

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O Centro de Investigação Social e Económica (CISE) da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (FECUAN) revelou que permanece, entre os jovens angolanos, um alto nível de sofrimento económico, cerca de 80%, com as mulheres a serem as mais vulneráveis ao fenómeno.

De acordo com os dados do boletim informativo elaborado pelo CISE, divulgado recentemente, o fenómeno do sofrimento económico foi estudado com base nos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), correlacionados com a taxa de desemprego e a inflação dos últimos 12 meses.

Por outro lado, a recente sondagem da empresa pan-africana de estudos de opinião AfroBarómetro — que aponta que 66% dos jovens angolanos, dos 18 aos 25, pensa em abandonar o país —, demonstra, claramente, segundo o estudo do CISE , os efeitos do sofrimento económico vivido por estes.

Para aquele centro universitário, administrado pelo académico e economista Fernandes Wanda, o sofrimento económico em Angola é díspar, ou seja, o sofrimento das mulheres aumentou em 2,31 pontos percentuais, entre o primeiro e quarto trimestres, ao passo que para os homens há uma redução de 3,6 pontos percentuais (p.p).

“Isso deve-se a uma redução de 5 pontos percentuais no desemprego dos homens, ao passo que entre as mulheres registámos um ligeiro aumento no desemprego de 0,9 pontos percentuais”, referem os pesquisadores no estudo.

Quanto à zona de residência, o CISE mostra que o sofrimento económico é bem menor no campo do que nas cidades.

No quarto trimestre de 2024, por exemplo, o sofrimento urbano diminuiu em 3,5 p.p se comparado com o terceiro trimestre do mesmo ano, ao passo que no meio rural houve um ligeiro aumento de 0,2 p.p.

“Contudo, olhando para o comportamento anual registado, vemos que no meio rural houve uma redução de 10,3 p.p durante o ano de 2024. Essa redução está ligada à já mencionada alteração, injustificável, que o INE fez aos dados do desemprego. Assim sendo, os dados compilados indicam que em Angola o sofrimento económico é maior nas cidades do que no campo”, assinala o estudo.

Em resumo, os académicos do Centro de Investigação Social e Económica da Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto afirmam que “hoje, se és jovem, mulher e vives numa cidade, existe uma grande possibilidade do teu sofrimento económico ser bem maior do que do resto da população”.

Dados recentes do INE apontam que o Índice de Desemprego, em todo o território nacional, diminuiu para 29,4%, no primeiro trimestre deste ano; menos três pontos percentuais se comparado com o período homólogo.

A ‘Folha de Informação Rápida do Inquérito ao Emprego’ do INE, do primeiro trimestre, destaca que a queda da taxa de desemprego foi mais significativa na população mais jovem, entre os 15 e os 24 anos, baixando de 63,5% para 54,3%.

Estes mesmos dados revelam que a maior parte dos empregos foram criados no sector informal, que absorve quase 81% da população empregada, isto é, 10 353 727 trabalhadores, mais 964 417 do que no trimestre homólogo.

O conceito de emprego informal, para o INE, abrange pessoas com 15 ou mais anos de idade empregada no sector privado, em cooperativas, associações, igrejas, organizações não-governamentais (ONG) ou por conta própria.

Para tal, estas pessoas devem encontrar-se numa das seguintes situações: trabalha em qualquer unidade de produção de bens ou serviços, não registada junto dos órgãos públicos; não beneficia de qualquer apoio social, e não está inscrito na segurança social.

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