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Impacto das alterações climáticas em Angola pode reduzir o stock do capital não-petrolífero até 4% em 2050

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O impacto das alterações climáticas, sem medidas de mitigação, pode fazer o stock do capital não-petrolífero angolano recuar em 3 a 4% até 2050, segundo um estudo que admite um aumento da temperatura média anual até 2,5ºC em 2060.

Os dados constam do primeiro ‘Relatório sobre Clima e Desenvolvimento’ do país (CCDR, na sigla inglesa), uma ferramenta de diagnóstico desenvolvido pelo Banco Mundial (BM) em parceria com o governo angolano, apresentado nesta quarta-feira, 7, nas instalações do Ministério da Economia e Planeamento, em Luanda.

O referido instrumento visa explorar a relação entre as alterações climáticas e o desenvolvimento em Angola, assim como identificar acções climáticas de grande impacto.

“Como resultado das alterações climáticas, por volta do ano 2050, o stock de capital no sector não-petrolífero poderá ser 4% inferior, uma vez que activos como estradas, fábricas e maquinaria seriam destruídos por inundações e outros eventos extremos”, indica o relatório do Banco Mundial.

Em Angola, avançam os especialistas, o aquecimento acelerou significativamente nos últimos anos, com um aumento em cerca de 1,4°C da temperatura média anual desde 1951, que afectou sobretudo o sul do país, que sofre uma seca grave e prolongada desde a última década, com condições descritas como “as piores dos últimos 40 anos”.

Em consequência desse episódio, no ano passado, mais de 3,8 milhões de pessoas nas seis províncias do sul do país não tinham alimentos suficientes e mais de 1,2 milhões de pessoas enfrentam escassez de água, prevendo-se, até 2040-2060, que a maior parte do país seja 1,5-2,5°C mais quente, excepto na parte costeira.

O estudo assinala que as tendências de precipitação são mais incertas, mas a variabilidade está claramente a aumentar — com períodos de seca mais longos, piores secas, e mais inundações que afectarão sobretudo os angolanos mais vulneráveis — aqueles que vivem em áreas de elevada exposição às alterações climáticas.

Algumas das áreas com o maior número de agregados familiares vulneráveis são também áreas com a maior frequência de inundações, como na província do Huambo, e secas, na da Huíla.

“Os impactos económicos e climáticos que afectam áreas ou populações inteiras, combinados com elevados níveis de vulnerabilidade à pobreza, podem traduzir-se em aumentos substanciais na incidência e gravidade da pobreza, insegurança alimentar e desnutrição infantil”, salienta o relatório, que aponta também prioridades de acção que o executivo pode implementar nos próximos três a cinco anos.

 PIB angolano até 6% em 2050

 De forma extensiva, o presente documento atesta que o efeito das alterações climáticas poderá fazer, igualmente, a economia angolana recuar entre 3 e 6% até 2050.

O relatório indica que num cenário sem medidas de adaptação em Angola, e com eventos extremos mais graves (secas e inundações) a agricultura será duramente atingida, com uma produtividade agrícola até 7% mais baixa e a produtividade global dos trabalhadores poderá ser 4% inferior.

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