I trimestre de cólera em Angola com uma média de 133 mortes por mês e com 36% dos casos notificados em todo o mundo
A epidemia de cólera completou, nesta segunda-feira, 7, três meses desde que foi declarada como um surto, a 7 de Janeiro. Com um número total que ultrapassa os dez mil casos, dos quais mais de 400 mortos, a doença já se espalhou por 17 das 21 províncias do país.
Angola soma, neste momento, em termos brutos, 10 771 casos e 404 mortes devido à doença, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) — por conta dos conflitos, catástrofes naturais e alterações climáticas —, cresce em todo o mundo a um ritmo acelerado.
Segundo o representante da OMS em Angola, Philippe Barboza, a província de Luanda foi gravemente afectada e, no último mês, o país registou quase 3 500 casos, representando 56% do total em África.
Angola, com 36% dos casos notificados em todo o mundo, é também um dos países com a maior taxa de letalidade, próxima dos 4%, acima da taxa de 1% definida como admissível pela OMS, numa altura em que a província de Benguela, com 83 casos, passou a ser o epicentro da doença.
Segundo o Ministério da Saúde (MINSA), nas últimas 24 horas, o Centro de Processamento de Dados do Sistema de Vigilância Epidemiológica, da Direcção Nacional de Saúde Pública, recebeu a notificação de mais 206 casos de cólera.
O relatório do MINSA revela, por outro lado, que nas últimas 24 horas foram registados seis óbitos e que estão internadas 625 pessoas com a doença.
A cólera está também a afectar países anteriormente livres da doença, como a Namíbia, que, pela primeira vez em dez anos, registou infecções este ano, enquanto o Quénia, o Malawi, a Zâmbia e o Zimbabué estão também a registar um ressurgimento.
Os recentes cortes no financiamento da ajuda internacional também estão a dificultar o combate à doença, segundo o especialista da OMS, destacando que os surtos estão a ficar piores.
A cólera é uma infecção intestinal transmitida pela ingestão de água ou alimentos contaminados, associada à insalubridade, más condições de saneamento e falta de qualidade da água.