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Guiné Equatorial. Oposição condena morte de opositor e pede investigação

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O secretário-geral do principal partido da oposição da Guiné Equatorial condenou a morte no país, no domingo, 15, do cidadão espanhol Julio Obama Mefuman, opositor do Presidente, Teodoro Obiang, e apelou a uma investigação internacional.

“A morte de Julio Obama na prisão de Oveng Azém foi confirmada. A CPDS condena este facto”, disse o presidente da Convergência para a Democracia Social, Andrés Esono, no Twitter, depois de o partido adversário, o Movimento para a Libertação da República da Guiné Equatorial III (MLGE3R), ter relatado a morte no domingo.

“Obama era um cidadão espanhol e o Governo da GE (Guiné Equatorial) deve abrir uma investigação internacional para esclarecer o que aconteceu e permitir que todos os prisioneiros sejam visitados pelas suas famílias”, acrescentou o líder da oposição, que ficou em segundo lugar nas eleições presidenciais realizadas no país a 20 de Novembro.

Numa declaração divulgada no domingo e citada pela agência espanhola de notícias, a Efe, o MLGE3R relatou a morte de Obama, de 51 anos, na prisão Oveng Azém, na cidade de Mongomo, na fronteira com o Gabão, embora o Ministério dos Negócios Estrangeiros espanhol tenha dito à Efe que o líder da oposição morreu num hospital em Bata, na Guiné Equatorial.

“Julio Obama foi um dos quatro raptados pelo regime de Obiang a 15 de Novembro de 2019 em Juba (Sudão do Sul), tendo sido transferido sub-repticiamente para a Guiné Equatorial, trancado em celas subterrâneas e brutalmente torturado”, sublinhou o partido da oposição.

A notícia da sua morte foi conhecida uns dias depois de a Audiência Nacional, tribunal que tem jurisdição sobre todo o território espanhol, ter aberto uma investigação contra a cúpula de segurança da Guiné Equatorial, que inclui um dos filhos do Presidente, Carmelo Ovono Obiang, secretário de Estado da Presidência e chefe dos serviços secretos no exterior.

A investigação judicial por alegados crimes de tortura e sequestro de Obama e outro espanhol, Feliciano Efa, envolve ainda o ministro de Estado, Nicolás Obama, e o director-geral da Segurança Presidencial, Isaac Ngema.

As primeiras informações policiais indicam que os três seguiam a bordo do avião presidencial que transportou, a partir do Sudão do Sul, Feliciano Efa e Julio Obama para Malabo, a capital da Guiné Equatorial.

Além disso, alegadamente os três altos cargos estiveram presentes e participaram nos actos de tortura a que foram submetidos os dois cidadãos espanhóis e dois nacionais.

De acordo com as mesmas indicações policiais, Obama e Efa foram presos depois de serem condenados por um suposto golpe de Estado, num julgamento sem quaisquer garantias.

“Os nossos serviços consulares estão a fazer tudo o que é possível para tentar reunir mais informação”, asseguraram à Efe as mesmas fontes.

Teodoro Obiang Nguema, de 80 anos, governa ditatorialmente a Guiné Equatorial desde 1979, quando derrubou, num golpe, o seu tio Francisco Macias.

Actualmente o chefe de Estado há mais tempo no cargo, à excepção das monarquias, foi reeleito nas eleições de 20 de Novembro de 2022 para um sexto mandato de sete anos, com 94,9% dos votos, segundo os resultados oficiais, que a oposição questionou, denunciando irregularidades na votação.

Desde que se tornou independente de Espanha, em 1968, a Guiné Equatorial é considerada por organizações de direitos humanos como um dos países mais corruptos e repressivos do mundo, devido a denúncias de prisões, torturas de dissidentes e repetidas fraudes eleitorais.

A Guiné Equatorial é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014.

LUSA

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