Greve dos taxistas paralisa Luanda: passageiros forçados a desembarcar em meio ao caos e ao vandalismo
A paralisação dos taxistas tomou Luanda de assalto nesta segunda-feira, 28, deixando as paragens desertas de ‘azuis-e-branco’ e repletas de cidadãos sem alternativas. Com a adesão massiva à greve, que inclui a coerção de taxistas que tentam levar passageiros, o resultado foi um cenário de caos no transporte público, forçando centenas de pessoas a caminhar ou a regressar a casa devido à impossibilidade de se locomover.
As associações e cooperativas de taxistas oficializaram, na semana passada, uma paralisação de três dias (28, 29 e 30) dos serviços de táxi nas sete principais praças do país, incluindo a capital do país.
Em causa estão as novas tarifas para os transportes públicos colectivos urbanos rodoviários de passageiros (300 kwanzas para táxis e 200 kwanzas para autocarros públicos), ajustados depois do aumento, no início deste mês, do preço do gasóleo, que passou de 300 para 400 kwanzas por litro, no âmbito da retirada gradual pelo governo do subsídio aos combustíveis, iniciada em 2023.
Informações disseminadas através das redes sociais, ilustram bem o que se passou em vários avenidas e bairros de Luanda. Golf II, Calemba II, Rocha Pinto e boa parte do município de Viana foram as zonas onde se verificaram altos graus de vandalismo. Várias viaturas destruídas e alguns taxistas impedidos de levar passageiros.
No Calemba II, por exemplo, registaram-se queima de pneus, destruição e saques a várias lojas. No entanto, o registo de maior gravidade teve lugar no Golf II, marcado por invasões e saques em três estabelecimentos das marcas ‘Arreiou’, ‘Fresmart’ e ‘Angomart’.
A Polícia Nacional, segundo o seu director do Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa, Nestor Goubel, esteve a intervir em vários pontos para dispersar a população.
De acordo com Nestor Goubel, a linha de denúncia da PN continua a receber dezenas de queixas de arruaça e pilhagem.
Num breve comunicado, as associações e cooperativas de táxis asseguram não serem a favor das arruaças e do vandalismo que se está a registar, mas realçam que avisos prévios das classes dos taxistas não faltaram e que a informação de que tinham suspendido a paralisação foi falsa.
No Golf II, a Polícia Nacional recorreu ao uso de gás lacrimogéneo para dispersar dezenas de ‘lotadores’ e taxistas que se aglomeravam nas paragens para impedir qualquer serviço de prestação de táxi. Um cenário semelhante foi registado em várias outras artérias da capital.
No município do Calumbo, na recém-criada província de Icolo e Bengo, mais concretamente nas zonas dos Zangos, todas as paragens estavam sem táxis. Milhares de passageiros aguardam por um ‘azul-e-branco’, conforme demonstram os vídeos partilhados nas redes sociais.
Diante do alerta de desordem e instabilidade pública agravantes, bem perto das 12h00, a Polícia Nacional não hesitou e accionou imediatamente unidades de intervenção rápida, conforme as imagens que circulam na internet.
No Nova Vida, o motorista de uma viatura ligeira, que estava a ser alvo de depredação, atropelou pelo menos uma dezena de populares que instantes antes lhe haviam cercado a automóvel. O vídeo não é claro se houve vítimas mortas.
O Isto É Notícia segue no encalço de mais informações a respeito dos acontecimentos…