Governo Sombra da UNITA considera que surto de cólera em Angola é um sinal de que “o país está em marcha contrária em relação aos compromissos internacionais de que é subscritora”
O Governo Sombra da UNITA (GSU) considera que o surto de cólera que afecta três províncias angolanas é um sinal de que o país não está alinhado com os compromissos internacionais por si subscritos, como, por exemplo, as metas definidas no âmbito dos Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Numa nota de imprensa chegada à redacção deste portal, o GSU lamenta que, a pouco menos de cinco anos para a conclusão da ‘Agenda 2030’, Angola ainda esteja a braços com casos de cólera, uma doença cujo reaparecimento o partido que lidera a oposição atribui às consequências relacionadas com o mau saneamento do meio e com a extrema pobreza, “dando sinais [de] que o país está de marcha contrária em relação aos compromissos internacionais”.
Angola não conhecia um único caso de cólera há oito anos. O último surto que atingiu o país afectou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, com um saldo total de 252 casos e 11 mortes, entre 2016 e 2017. Este factor, segundo o Governo Sombra do maior partido na oposição, “reflecte [a] regressão acentuada da qualidade de vida das famílias nos últimos anos e consequente desestruturação do tecido social a nível das comunidades, aspecto que contraria os ODS”.
“O Governo Sombra da UNITA entende que os surtos recorrentes de cólera são a consequência directa da inversão gritante de prioridades em saúde, sendo notórios maiores investimentos na rede terciária de saúde em detrimento dos cuidados primários de saúde”, assinala a nota, lembrando que “curiosamente este surto coincide com uma quebra no fornecimento de água nestas zonas afectadas que já dura há mais de três meses”.
A actualização feita às 18h00 desta terça-feira, através dos dados obtidos do Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, apontavam para o aumento do número de casos para 332, 60 já confirmados, dos quais 20 resultaram mortes.
As mortes
Nas últimas 24 horas, foram notificados mais 49 casos de cólera, sendo 34 no município do Cacuaco, epicentro da doença que está já identificada em três províncias: Luanda, Bengo e Icolo e Bengo.
Dos casos registados, 15 foram confirmados laboratorialmente, tendo ocorrido um óbito.
Desde o início de 2025, registam-se em Angola um total de 332 casos, com idades entre os dois e os 73 anos, dos quais 158 (48%) são do sexo masculino e 174 (52%) do sexo feminino.
Angola totaliza 20 óbitos, dos quais 17 no município do Cacuaco e dois em Viana, na província de Luanda, e um no município do Dande, na província do Bengo.
É convicção do Governo Sombra da UNITA que Angola precisa de alterar, com urgência, o actual paradigma, face às condições precárias em que vive a grande maioria da população residente em zonas suburbanas.
Para tal, o partido da UNITA exorta o governo a reformular o plano de distribuição de água potável, aumentar o número de investimentos em saneamento nos grandes centros urbanos e não só, fomentar a informação sobre a cólera a nível das comunidades mais vulneráveis, assim como fortalecer o combate à carência nutricional que actualmente devasta a grande maioria da população vivendo em zonas de risco.