Governo britânico acusa Isabel dos Santos de ter desviado cerca de 440 milhões USD de Angola, proíbe-a de entrar no país e congela os seus activos
A empresária angolana Isabel dos Santos está, a partir desta quinta-feira, 21, proibida de entrar no território britânico. A decisão foi anunciada pelo governo do país, como parte do “primeiro passo da nova campanha do Ministério dos Negócios Estrangeiros para combater a corrupção e o financiamento ilícito”.
Num comunicado hoje divulgado, o governo britânico — que além de dar conta da proibição de entrada anunciou igualmente o congelamento dos activos da empresária — acusou Isabel dos Santos de ter desviado cerca de 350 milhões de libras esterlinas (perto de 440 milhões de dólares norte-americanos).
“Isabel dos Santos, filha do antigo Presidente de Angola, abusou sistematicamente dos seus cargos em empresas estatais para desviar pelo menos 350 milhões de libras esterlinas [cerca de 440 milhões de dólares norte-americanos], privando Angola de recursos e financiamento para o tão necessário desenvolvimento”, lê-se no comunicado.
O documento, que recorda o ‘aviso vermelho’ da Interpol de que é alvo a empresária desde Novembro de 2022, faz também referência ao facto de, no mês passado, Isabel dos Santos ter perdido um processo no Tribunal de Recurso relativo ao congelamento dos seus bens a nível mundial.
Além da empresária angolana, são também alvo de sanções a antiga sócia Paula Oliveira e o ex-director financeiro da Sonangol Sarju Raikundalia. Segundo o comunicado das autoridades britânicas, os antigos sócios teriam ajudado Isabel dos Santos a desviar “a riqueza de Angola em seu próprio benefício”.
As sanções ora anunciadas, de acordo com o documento, constituem “o primeiro passo da nova campanha do Ministério dos Negócios Estrangeiros para combater a corrupção e o financiamento ilícito”.
Em Angola, Isabel dos Santos é acusada pelo Ministério Público de vários crimes, entre os quais o de peculato, burla qualificada, abuso de poder, abuso de confiança, falsificação de documento, associação criminosa, participação económica em negócio, tráfico de influências, branqueamento de capitais, fraude fiscal e fraude fiscal qualificada.
A 30 de Outubro deste ano, o procurador-geral da República angolano lamentou uma alegada inacção por parte das autoridades judiciais e políticas dos Emirados Árabes Unidos (EAU), por não terem entregue até agora à justiça angolana a empresária, para responder pelos crimes de que é acusada.
“Remetemos toda a documentação necessária ao Dubai, aos Emirados Árabes Unidos e aguardamos que eles cumpram”, afirmou, na ocasião, Hélder Pitta Groz, no final de uma visita ao homólogo português, Amadeu Guerra.