Goethe-Institut Angola homenageia Henrique Abranches em exposição de banda-desenhada
“Henrique Abranches — Um Traço Angolano” é o título da exposição organizada pelo Goethe-Institut Angola, em parceria com o Memorial Dr.º António Agostinho Neto, que visa destacar a obra e a importância do artista Henrique Abranches, uma das mais destacadas e ilustres figuras das artes angolanas, cujo registo e intervenção estiveram ligados a diversas áreas artísticas como a banda-desenhada, a literatura, a antropologia, a cultura e o ensino.
A exposição, inaugurada nesta sexta-feira, 15, às 17h00, no Memorial Dr.º António Agostinho Neto, teve origem no projecto “AfriComics”, uma iniciativa do Goethe-Institut em 14 países do continente africano, que tem como objectivo incentivar a banda-desenhada nos respectivos lugares.
“Acreditamos que, mesmo não estando mais em vida, ele pode servir de inspiração para muitos jovens talentos, e queremos passar um pouco do seu espírito nesta exposição. [Henrique Abranches] pintava, desenhava, foi um escritor de destaque nacional, e criou na sua casa uma escola de banda-desenhada, uma das suas grandes paixões”, realça o instituto alemão.
A exposição faz-se acompanhada de um texto introdutivo da autoria do escritor Pepetela, de algumas obras e fotografias de Henrique Abranches, de um novo documentário com entrevistas feitas a amigos e alunos, bem como de obras produzidas pelos participantes da oficina “Como seria uma África nunca colonizada?”.
Henrique Mário Lopes de Carvalho Moutinho Abranches nasceu em Lisboa, na freguesia de S. Sebastião da Pedreira, aos 29 de Setembro de 1932. Com 15 anos chega a Angola e anos depois segue para a Portugal para fazer os estudos secundários. De regresso a Luanda, em 1952, com 20 anos, é recenseado e alistado para cumprir o serviço militar português obrigatório.
Em 1955, começa a sua actividade como topógrafo e inicia os seus estudos etnográficos a partir do contacto directo com as populações rurais e com as obras do padre Estermann e José Redinha.
Foi colaborador das revistas Mensagem, da Sociedade Cultural e Cultura II, da Associação Anangola. É aqui que também começa a exercer a sua actividade como escritor e artista plástico. Participou em exposições colectivas de artes plásticas e realizou uma exposição individual no Museu de Angola.
Preso pela PIDE, a polícia política colonial portuguesa, escreveu na prisão o esboço do seu primeiro romance, “A Konkhava de Feti”, que consegue fazer sair do país. É enviado para Lisboa com residência fixa, onde colabora com a Casa dos Estudantes do Império dando palestras, escrevendo e fazendo trabalho político. É membro fundador da União dos Escritores Angolanos e da UNAP (União Nacional dos Artistas Plásticos), de que foi presidente.
Em 1981 é chamado pela Presidência da República de Angola para chefiar a equipa que, em parceria com uma delegação cubana da Academia das Ciências, realizaria o “Inquérito sobre a Questão Nacional”. Entre 1979 e 1989, Henrique Abranches cria o Museu de Antropologia de Luanda, o de Arqueologia em Benguela e o Museu das Forças Armadas.
Nos anos 90, a sua paixão pelo computador da IBM começa a desenhar as primeiras “softgravuras”, fazendo maravilhas com a sua imaginação criativa. Com dezenas de títulos publicados, foi-lhe atribuído, por duas vezes, em 1981 e 1989, o Prémio Nacional de Literatura.