General Higino Carneiro destaca papel dos ‘Acordos de Bicesse’ enquanto “farol” que deve ensinar as lideranças partidárias a cederem sempre que em causa estiver o nome de Angola
O político e general na reforma das Forças Armadas Angolanas (FAA), Francisco Higino Lopes Carneiro, defendeu, nesta sexta-feira, 31, o papel actual dos ‘Acordos de Bicesse’ na manutenção da unidade, coesão e do sentimento genuíno de fraternidade entre os angolanos, que, na sua opinião, deve transcender as “diferenças ideológicas e políticas”.
As declarações vêm expressas num texto publicado na sua página da rede social Facebook, no qual o político destaca o papel relevante dos Acordos de Bicesse, há 33 anos, quando foi possível abrir caminho para a conquista da paz, após 16 anos de guerra civil, permitindo a instituição da democracia (que Angola continua a construir, na sua opinião), num clima de “diversidade de opiniões e na busca por uma sociedade cada vez mais próspera”.
“Bicesse representa um marco de unidade, coesão e genuíno sentimento de fraternidade que transcende as nossas diferenças ideológicas e políticas. Bicesse é um farol para as lideranças partidárias, ensinando-as a ceder quando o que está em causa é Angola”, escreveu o político, sublinhando que “Bicesse deve continuar a inspirar-nos enquanto angolanos, para que cada um perceba que devemos eleger o perdão e a justiça como virtudes primordiais para os desafios actuais e futuros do nosso país”.
“As novas e futuras gerações devem estar cientes de que foi na Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril (Portugal) que os Acordos de Bicesse foram negociados e rubricados pelas delegações do governo e da UNITA, culminando em 31 de Maio de 1991, em Lisboa, com a assinatura dos Acordos de Paz entre o governo angolano, liderado pelo então Presidente José Eduardo dos Santos e a UNITA, representada pelo seu fundador, Jonas Malheiro Savimbi”, lembrou.
Para Higino Carneiro, os ‘Acordos de Bicesse’ exigem hoje de todos os angolanos “trabalho árduo”, para que se erradique a fome, se continue a recuperar as infra-estruturas que venham a melhorar as vias de circulação para facilitar o tráfego urbano e de longo curso, assim como saneamento básico e drenagem nas áreas urbanas.
Bicesse deve também, na perspectiva de Higino Carneiro, servir de esteio para melhorar o sistema de saúde e educação, aprimorar o fornecimento de energia e água domiciliar, iluminação pública, construção de mais habitações, revitalizar a indústria, a rede de transportes públicos, impulsionar a agricultura e atrair investidores para criar oportunidades de emprego para os jovens através da elaboração de planos directores para todas as províncias, cidades e vilas.
Há 33 anos, a 31 de Maio de 1991, Angola e o mundo testemunhavam a assinatura dos Acordos de Bicesse, que culminaram com as negociações para o alcance da paz e a abertura do país a um sistema multipartidário, com base no qual foi possível realizar as primeiras eleições gerais no país.