General Dino já só detém 5% da Puma Energy após encaixe de 390 milhões USD
O antigo ministro e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República general Leopoldino Fragoso do Nascimento ‘Dino’, vendeu parte da sua participação na companhia Trafigura, através de um negócio de 390 milhões de dólares americanos, deixando, assim, de ser “um accionista significativo” da referida empresa.
Próximo de José Eduardo dos Santos, o general Dino recebeu a quantia de 390 milhões de dólares para deixar de deter 15% das suas acções na subsidiária Puma Energy, ficando apenas com 5%, num negócio que teve início em Junho de 2020, mas apenas divulgado através do relatório anual da Puma, a que o jornal Financial Times teve acesso nesta terça-feira, 28.
De acordo ainda com o relatório daquela empresa, foram adquiridas 12 milhões das acções do general Dino, pelo preço unitário de 33 dólares. Assim, segundo o documento, o homem que estava representado na Puma pela Cochan “deixa assim de ser um accionista significativo”.
Em torno do caso, levantam-se vozes alegando que a compra indicia que a Trafigura estará a tentar afastar-se de negociações com pessoas ligadas à época Dos Santos, proximidade que terá ajudado a empresa a “dominar”, por anos, a importação de combustível para Angola, avaliado em cerca de 3,4 mil milhões de euros em 2018.
Angola necessita de importar, praticamente, todo o petróleo que consome, devido à sua fraca capacidade de refinação. Em 2014, a revista Foreign Policy confirmou que o general Dino era o último beneficiário da Cochan e que a sua participação na Puma estava avaliada em 750 milhões de euros.
A decisão da Trafigura de comprar a participação do general surge na sequência das decisões do Presidente João Lourenço de impor mudanças neste mercado, após a sua chegada ao poder. Em Janeiro de 2018, a Sonangol abriu um concurso para a importação de combustível, pondo assim fim ao monopólio da Trafigura no país. A Total e a Glencore acabaram por ser as vencedoras e a Trafigura viu-se afastada.
Em 2010, a companhia Trafigura, terceiro maior comerciante privado mundial de petróleo e metais, vendeu 18,75% das acções da sua subsidiária Puma Energy International à companhia de investimentos Cochan PTE, por 213 milhões de dólares. Um ano depois, o valor daquelas acções ficou avaliado em 750 milhões de dólares.
A revista Foreign Policy na sua investigação, com acesso a auditorias das diversas companhias, revela que o dono da Cochan PTE é uma outra companhia com o nome de Cochan Ltd., com sede nas Bahamas, cujo proprietário é o general Dino.
*Com Financial Times/Agências