FMI acredita que Angola vai ter crescimento económico modesto e enfrentar pressões financeiras elevadas em 2026
O Fundo Monetário Internacional (FMI) perspectivou, nesta quarta-feira, 17, que o crescimento da economia angolana deve “permanecer modesto” em 2026, após o declínio registado em 2025, motivado por pressões financeiras que se devem “manter elevadas” para o ano.
As conclusões saíram da avaliação efectuada por uma missão conjunta do FMI, liderada pela consultora e assessora Mika Saito, que esteve no país e apresentou o resultado do estudo nesta quarta-feira, 17.
“O crescimento económico de Angola abrandou em 2025, principalmente devido à queda dos preços do petróleo, da produção e do crescimento moderado da actividade no sector não petrolífero, com as previsões de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,9% — uma redução acentuada em relação aos 4,4% de 2024”, lê-se na nota da equipa do FMI.
Os técnicos do Fundo Monetário Internacional consideram que uma recuperação gradual, a médio prazo, depende dos progressos na diversificação económica, e estimam que o crescimento deverá permanecer modesto, de 2,0% em 2026.
Apesar das pressões inflacionistas continuarem a aliviar, a missão do FMI, em face do quadro de inflação que continua elevada, projecta que a taxa correspondente termine 2025 em 17,2%”.
Os técnicos do FMI referem que as pressões financeiras de Angola no curto prazo se mantêm “elevadas devido ao serviço da dívida considerável”.
O FMI reconhece, no entanto, que “o orçamento de 2026 reflecte a forte determinação das autoridades em ajustar as despesas e conter os riscos emergentes para preservar a estabilidade macroeconómica e a sustentabilidade da dívida, procurando simultaneamente proteger os mais vulneráveis e manter o ímpeto do crescimento”.
Angola recebeu do FMI um empréstimo total de 4,43 mil milhões de dólares norte-americanos, no âmbito de um programa de apoio financeiro entre 2018 e 2020, dos quais o país ainda deve cerca de 3,59 mil milhões de dólares.
Os desembolsos do programa implicaram contrapartidas e reformas, incluindo a eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, e Angola continua sujeita às avaliações anuais no âmbito do Artigo IV, e foi nesse âmbito que decorreu esta missão de consultas do FMI, esperando que seja agora discutida no Conselho Executivo do fundo em Fevereiro de 2026.
O Artigo IV do FMI estabelece consultas anuais (ou mais frequentes) entre o Fundo e seus países-membros para analisar a economia e as políticas, permitindo ao organismo monitorar a estabilidade global, discutir desafios (como inflação, dívida, câmbio) e oferecer recomendações, culminando num relatório e deliberações do Conselho Executivo, que são comunicados ao país.