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Ex-director do Gabinete de Quadros da Casa Civil do Presidente da República antevê fracasso da ‘Estratégia de Desenvolvimento 2025-2050’

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O ex-director do Gabinete de Quadros da Casa Civil do Presidente da República Aldemiro Vaz da Conceição prevê que a ‘Estratégia de Desenvolvimento 2025-2050’, anunciada recentemente pelo governo, esteja “fadada” ao fracasso, tal como fracassou a estratégia que a antecedeu, a 2000-2025, da qual não se conhece até hoje “algum balanço dos seus dez primeiros anos”.

Aldemiro Vaz da Conceição reagia às declarações do antigo ministro de Estado e Chefe da Casa Civil Carlos Feijó, feitas durante as Conferências do Expansão, sobre os recorrentes “males” que têm ditado o fracasso de dezenas de programas de reestruturação económica, adoptados ao longo da existência de Angola como país independente.

“Se quisermos superar a recorrência dos nossos males, temos de ir para além da elaboração de belos programas de desenvolvimento económico e social. Por exemplo, a Estratégia de Desenvolvimento 2025-2050 está fadada a ter o mesmo destino da anterior Estratégia 2000-2025 que lhe deu origem, de que já não se fala e da qual nunca ninguém ouviu falar que tenha sido feito sequer algum balanço dos seus dez primeiros anos”, declarou Aldemiro Vaz da Conceição, no texto tornado público pelo portal Kesongo.

O ‘antigo homem dos Quadros’ do ex-Presidente José Eduardo dos Santos admitiu, na mensagem destinada ao ‘amigo Carlitos’, que haja quem até o vá considerar “demasiado pessimista”, por hoje reafirmar a tese de que os fenómenos negativos, quer económicos, quer sociais e políticos são recorrentes no país, “por demonstrar que em Angola não se segue o princípio muito difundido no senso-comum de que a História ‘ensina’ e serve para ‘evitar’ a repetição dos erros do passado”.

Para Aldemiro Vaz da Conceição, “se estamos permanentemente, há 48 anos, a abordar os mesmos problemas económicos, é porque, de facto, a história não nos tem servido de lição”, daí que “continuamos a considerar a diversificação e competitividade fora do sector petrolífero como sendo vital para o emprego, o rendimento, a redução da pobreza e o crescimento robusto do PIB [Produto Interno Bruto]”.

Tal como se tem considerado “a resolução dos problemas ligados ao acesso ao financiamento, em particular, para a indústria transformadora e a agricultura, como fundamentais para superar as grandes distorções na atribuição do crédito que prejudicam a eficiência e a competitividade da economia angolana como um todo”.

Diante de tudo isso, Aldemiro Vaz da Conceição levantou uma questão de fundo: “Esses problemas que tu bem enumeras são recorrentes, porque nunca foram realmente resolvidos. E como afectam o quotidiano do cidadão comum, a sua persistência tende a revelar-se em contextos diferentes. A grande questão que se coloca é saber por que razão nunca foram resolvidos”.

O ex-director do Gabinete de Quadros da Casa Civil do Presidente da República atribui o fracasso desses programas a um alegado combate dirigido a uma elite pensante, que não tem sido compreendida ao longo destes anos todos de país.

“Creio que o principal entrave se encontra desde as suas origens (1975) no nosso poder político que, por duas razões fundamentais, não foi capaz de o fazer por falta daquilo que se designa de vontade política e por incompetência, isto é, incapacidade técnica, administrativa, política e inexperiência dos seus quadros de direcção, que, mesmo quando rodeados dos melhores quadros técnicos nacionais — tu referiste-te ao escol [elite] que elaborou o SEF [Saneamento Económico e Financeiro]—, não logram grandes resultados porque a tal ‘nata’ é combatida das mais diversas formas”, frisou.

A ‘Estratégia de Desenvolvimento 2025-2050’, é instrumento de longo prazo do Sistema Nacional de Planeamento, que representa uma mudança de paradigma em relação à Estratégia de Longo Prazo-Angola 2025, cuja substituição é justificada pelo governo pelas alterações registadas nos contextos interno e externo, iniciadas em 2008. A mesma foi aprofundada a partir de 2014, após a queda brusca do preço do petróleo que obrigou a realização da sua avaliação a meio do percurso.

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