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Especialistas do BFA ponderam revisar previsão de crescimento da economia angolana após divulgação dos resultados da economia não petrolífera no I trimestre de 2024

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Os especialistas do Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) ponderam revisar a previsão de crescimento para 2024 da economia angolana, por força da recente aceleração da economia não petrolífera, pese embora alertem para a continuidade parcial da escassez de divisas e atrasos nos pagamentos do Tesouro.

O crescimento económico registado no primeiro trimestre deste ano, que foi superior às expectativas antes levantadas, em particular no caso da economia não-petrolífera, estão na base do posicionamento daqueles especialistas.

“A recente aceleração da economia não petrolífera poderá levar-nos a revisar a previsão de crescimento para 2024, mas é necessário avaliar a evolução no segundo trimestre, principalmente considerando o impacto significativo da escassez de divisas durante o período actual, e que ainda persistirá parcialmente no segundo semestre, bem como os atrasos nos pagamentos do Tesouro em alguns sectores”, escrevem aqueles especialistas.

Para os académicos, a situação delicada do Tesouro nacional, com elevados pagamentos ao exterior, e a fraca capacidade de obtenção de financiamento externo para a Tesouraria tem condicionado a economia de duas formas:

A primeira é a quase ausência do Tesouro no mercado cambial, que pressiona o kwanza e tem levado à escassez de divisas; e a segunda tem que ver com a maior dificuldade em obter financiamento em kwanza, por conta da ausência dessas receitas de venda de divisas e também o facto de o tesouro estar a apresentar uma certa resistência em elevar as taxas dos títulos pelo menos ao nível da inflação.

Estes dois indicadores, apontam os especialistas do BFA, está a provocar atrasos nos pagamentos a empresas, condicionando a actividade económica em sectores mais dependentes do Estado, como a construção.

“É possível que esta situação melhore no segundo semestre, mas dependerá da existência de mais financiamento externo”, salientam.

Por outro lado, em sentido contrário, como esperado, “houve um crescimento forte da economia petrolífera, influenciado pelo desempenho bastante negativo no primeiro trimestre do ano passado e [pelos] frutos dos investimentos no sector”.

Essa posição dos académicos do segundo maior banco em activos no país surge poucas semanas depois de o Instituto Nacional de Estatísticas (INE) ter avançado, em boletim oficial, que o Produto Interno Bruto (PIB) angolano alcançou um expressivo crescimento homólogo de 4,6% no primeiro trimestre de 2024, atingindo a maior taxa de crescimento trimestral desde 2015, se se tiver em consideração a série com os devidos ajustes sazonais.

Já o PIB acumulado dos últimos quatro trimestres cresceu 2,1%, graças ao desempenho das actividades ligadas à agropecuária e silvicultura, pescas, extracção e refino de petróleo, extracção de diamantes, electricidade e água, comércio, intermediação financeira e de seguros, serviços imobiliários e aluguer e outros serviços.

A economia não-petrolífera, segundo o INE, tem crescido de modo resiliente e registou agora melhorias em quase todos os sectores.

Por exemplo, durante o período em análise, os sectores dos Transportes, com 19,4%, o da Intermediação Financeira & Seguros, com 10,2%, e o da Extracção e Refino de Petróleo, com 6,9%, apresentaram níveis de crescimento superiores aos restantes, enquanto o sector das Comunicações, com -3,1%, foi o único que registou quebras.

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