Especialistas do BFA admitem que crescimento da economia não-petrolífera no II Trimestre rompeu com todas as suas expectativas
Os especialistas do Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) admitiram que o crescimento económico registado no segundo trimestre deste ano rompeu com todas as expectativas até então projectadas.
“O crescimento económico no segundo trimestre foi superior às nossas expectativas, em particular no caso da economia não-petrolífera, mas é explicado por sectores da economia mais pequenos, que justificam a maioria do crescimento”, referem os analistas na habitual nota informativa, enviada à redacção deste portal.
Em sentido contrário, como esperado, acrescentam os peritos daquele banco comercial, houve um crescimento relevante da economia petrolífera, influenciado pelo desempenho bastante negativo no primeiro trimestre do ano passado e também fruto dos investimentos no sector.
A análise do BFA surge poucos dias após o Instituto Nacional de Estatística (INE) ter avançado que o Produto Interno Bruto (PIB) angolano registou uma ligeira queda de 0,05% no segundo trimestre deste ano, face ao trimestre anterior, e um crescimento homólogo na ordem dos 4,1%.
A Folha de Informação Rápida (FIR), do INE, referentes às ‘Contas Nacionais do II trimestre de 2024’, indica que a variação negativa do PIB angolano no II trimestre de 2024, em relação ao I trimestre, se deveu às actividades ligadas à Construção, que só cresceram 0,002 ponto percentual (p.p).
Segundo os especialistas do BFA, no período em análise, a economia não-petrolífera cresceu 4,7%, uma aceleração de 0,8 em relação ao trimestre anterior ― o nível de crescimento mais alto desde o último trimestre de 2022.
“O robusto crescimento da economia não petrolífera concentrou-se em alguns sectores. Se olharmos para a contribuição de 3,3 pontos percentuais para a taxa de crescimento que se devem à economia não-petrolífera, 55% deste acréscimo de actividade vem de cinco sectores que têm crescido bastante nos últimos anos: agricultura, indústria, sector mineiro, transportes, e as utilities (electricidade, água e relacionados)”, relatam.
Ainda na nota, os especialistas contam que o crescimento da economia não-petrolífera poderá os levar a rever a previsão de crescimento para 2024, porém, para isso, estes vão precisar de avaliar a evolução no terceiro trimestre, “particularmente considerando o impacto relevante da escassez de divisas existente no período, e que ainda vigorará em parte no segundo semestre”, assim como “de atrasos de pagamentos do Tesouro em alguns sectores, como a Construção”.
“Os indicadores de alta frequência que acompanhamos indicavam um abrandamento da procura interna neste segundo trimestre, que se está a reflectir nestes sectores mais dependentes de bens e serviços não-transaccionáveis”, referem.
“Para o terceiro trimestre, tanto os depósitos do sector privado em moeda nacional, como as transacções registadas na EMIS [Empresa Interbancária de Serviços], apontam para a nova degradação da actividade económica nestes sectores. Porém, é expectável que os sectores de bens transaccionáveis (como o sector mineiro, agrícola e industrial) continuem com a actividade económica em franco crescimento, ainda que não representem a maioria da actividade económica. Assim, a economia não- petrolífera deverá abrandar, no geral”, concluem.