Especialistas do BFA acreditam que a inflação poderá permanecer ainda em torno dos 20% na primeira metade de 2025
O Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) acredita que, com possíveis remoções dos subsídios aos combustíveis e queda do kwanza, a inflação vai permanecer em torno dos 20%, na primeira metade do próximo ano, com uma desaceleração mais acentuada só na segunda metade.
A conclusão dos especialistas do BFA resulta da análise feita aos últimos dados disponibilizados pelo Banco Nacional de Angola (BNA), que decidiu, pela terceira vez consecutiva, manter inalterados os instrumentos de condução da política monetária.
“Para 2025, a nossa projecção indica que a inflação poderá permanecer em torno de 20%, na primeira metade do ano, com uma desaceleração mais acentuada na segunda metade. É possível que assistamos a mais ajustes na remoção dos subsídios aos combustíveis e uma ligeira depreciação do kwanza, factores que, combinados com a inércia inflacionária, deverão manter a inflação em níveis elevados durante parte do ano”, escrevem os analistas na sua habitual nota informativa.
O banco central já reviu a sua projecção de inflação, revelando que agora espera que esta se fixe nos 27% no final do ano, ligeiramente acima da estimativa anterior (24,3%), o que para os especialistas demonstra uma visão mais realista, tendo em conta que geralmente ocorrem pressões inflacionistas no final do ano.
Entretanto, os especialistas do BFA esperam que “a inflação termine nos 17% em 2024” e “acreditam que o Comité de Política Monetária (CPM) vai iniciar o processo de flexibilização algures em 2025, por hipótese no primeiro semestre, o que implicaria a redução das taxas de juro da economia, em particular no mercado interbancário e, consequentemente, no crédito aos particulares”.
Aqueles especialistas referem ainda que, com a desaceleração da inflação, resultante do esgotamento dos efeitos da depreciação da moeda e a aplicação de uma política monetária restritiva, “espera-se que o CPM adopte uma abordagem mais cautelosa, algo que pode vir a mudar dentro de algumas sessões, deixando plausível, mas não completamente certo, que, já na primeira metade de 2025, se iniciem medidas de flexibilização”.
Em Novembro deste ano, a inflação homóloga fixou-se em 28,4%, uma ligeira desaceleração de 0,1 ponto percentual face ao mês de Outubro, segundo dados do INE.
A inflação mensal, por sua vez, situou-se em 1,6%, o quarto mês consecutivo com a mesma leitura. As classes que registaram maiores variações foram Saúde (2,4%), Bebidas alcoólicas e tabaco (1,9%) e Vestuário e calçados (1,9%). Do lado das que menos variaram destacam-se as classes Educação (0,0%), Comunicações (0,1%) e Transportes (0,6%).