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Direcção Nacional de Saúde fala em situação de “risco elevado” por força da progressão do vírus Mpox na RDC

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O alto número de infecções de mpox — até recentemente conhecido como varíola do macaco —, na República Democrática do Congo (RDC), está a fazer soar os alarmes em Angola, devido à vasta fronteira terrestre que os dois países partilham. Responsáveis da Direcção Nacional de Saúde Pública consideram elevado o risco de transmissão e revelam ter sido reforçado o sistema de vigilância.

“O nosso sistema de vigilância está reforçado a nível nacional. Estamos a falar no nível municipal, provincial e nacional, e, até a este momento, ainda não registaram casos de mpox, mas o risco é elevado por termos uma vasta fronteira com a RDC”, disse, nesta quarta-feira, 21, o chefe do Departamento de Controlo de Doenças da Direção Nacional de Saúde Pública, Eusébio Manuel.

Em declarações à Lusa, o responsável realçou que a “intensa movimentação” de pessoas e bens a nível das fronteiras oficiais e não oficiais entre Angola e a RDC justificou a elaboração de um plano de contingência, visando a prevenção do vírus.

“Todas [as fronteiras] estão abertas, não há impedimentos na circulação e todo o cuidado é pouco, facto pelo qual as medidas devem ser rigorosamente implementadas e acatadas pela população”, frisou.

Com a RDC, epicentro do mpox, a registar já uma variante do vírus mais letal, as autoridades dizem estar a implementar medidas eficazes para precaver uma eventual introdução de casos no país.

“O reforço do sistema de vigilância, de medidas básicas de contenção e de segurança individual, tal como as implementadas durante o período da Covid-19, constam entre as acções desenvolvidas para travar o eventual contágio”, referiu.

A detecção precoce da doença numa determinada área, evitar o contacto de pessoas infectadas e aumentar a consciencialização da população sobre os riscos da doença são outras das medidas levantadas.

“As recomendações vão também no sentido de reduzir o risco de transmissão do animal para o homem, isto é, evitar o consumo de carne de animais selvagens, sobretudo nas áreas florestais ou nas áreas que consomem carnes de caça”, indicou.

Eusébio Manuel reconheceu, por outro lado, que o consumo da carne de caça faz parte da dieta alimentar de muitos angolanos com menos recursos, sobretudo os residentes em aldeias e comunas do interior do país, apelando, no entanto, a que se evite o consumo nesta fase.

“Quem está na comuna, numa aldeia, o habitual é comer carne de caça, porque é o que existe, mas para situações como estas temos de implementar medidas especiais”, concluiu.

O Ministério da Saúde anunciou, recentemente, que mantém activo o estado de alerta no sentido de evitar a introdução do mpox no país, após ter sido declarada emergência de saúde pública pela União Africana e Organização Mundial da Saúde.

No espaço de uma semana, a RDC, dado como epicentro do vírus, registou mais de 1 000 novas infecções de mpox, segundo dados desta terça-feira, 20, da Agência de Saúde da União Africana, que se monstra preocupada também com a forte circulação do vírus no Burundi e na República Centro-Africana.

A mpox, antes conhecida como varíola dos macacos, foi declarada, há poucos dias, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como emergência de saúde pública de importância internacional, ou ESPII, mesma classificação dada à Covid-19, em Janeiro de 2020.

O vírus, presente actualmente em 13 países, já havia sido declarado como uma emergência global em 2022, quando a doença se proliferou inicialmente por mais de 70 países, mas a epidemia regrediu em Maio de 2023 e o status de ESPII foi rebaixado.

De acordo com a OMS, existem, actualmente, duas vacinas disponíveis contra a mpox. Uma delas, a Jynneos, produzida pela farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic, apresenta-se como a mais eficaz e prevê-se o fornecimento das primeiras doses já na próxima semana.

O segundo imunizante é o ACAM 2000, fabricado pela farmacêutica norte-americana Emergent BioSolutions, mas com diversas contra-indicações, além de mais efeitos colaterais, já que é composta pelo vírus activo, se tornando assim menos segura.

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