Isto É Notícia

Desnutrição crónica em Angola teve um aumento histórico de 38% nos últimos 17 anos, revela ONU

Partilhar conteúdo

A chefe de nutrição do Programa Alimentar Mundial (PAM) em Angola, Gracy Santos Heijblom, revelou que a desnutrição crónica no país teve um aumento histórico de quase 38% nos últimos 17 anos, estando agora nos 40%. A responsável defende investimentos nos cuidados primários e em alimentos nutritivos.

“A desnutrição crónica é quando a criança tem baixa altura para a idade e isso tem aumentado historicamente em Angola. Em 2007, a taxa era de 29%, em 2015-2016 estava 38% e agora em 2024 subiu para 40%”, afirmou a chefe de nutrição do PAM em Angola.

Em declarações à Lusa, a responsável alertou para as consequências da desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos, sobretudo para a baixa estatura para a idade e possibilidade de não ser atingido o potencial genético por falta de alimentos.

Para a também nutricionista, o actual quadro da desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos “é preocupante”, dada a elevada taxa actual do país à luz da classificação internacional.

“Na classificação internacional, 40% da população [infantil] apresenta desnutrição crónica. Em saúde pública é uma situação elevada. Então, o que se pode fazer? Uma das coisas que se pode fazer, por exemplo, são políticas públicas mais amplas para melhorar o acesso da população a alimentos nutritivos”, defendeu.

“Também tem de se melhorar o acesso da população aos serviços de saúde, para que elas possam fazer o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento dos filhos. As crianças têm de ter vacina. A cobertura vacinal em Angola é baixa”, frisou.

A taxa de desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos em Angola é de 40% e subiu dois pontos percentuais em oito anos, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados na semana passada.

De acordo com o Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2023-2024, em Angola, 40% das crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição crónica, percentagem que aumenta para 51% na zona rural.

A desnutrição crónica em Angola aumentou de 38% em 2015-2016 (período em que foi realizado o primeiro IIMS) para 40% em 2023-2024. Nesse período, o número de crianças com baixo peso aumentou de 19% para 21% e a percentagem de crianças com desnutrição aguda manteve-se em 5%.

A responsável do PAM destacou, por outro lado, a importância do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), elaborado pelo governo angolano para o triénio 2025-2027, como um instrumento que deve garantir um estado nutricional adequado para as crianças em idade escolar.

O governo deve gastar em três anos um total de 1,3 bilião de kwanzas para concretizar o PNAE 2025-2027, que deve contemplar mais cinco milhões de crianças/ano.

Segundo o PNAE, a estrutura de custos contempla uma alimentação diária unitária de 376,82 kwanzas com uma abrangência de 5,4 milhões de alunos matriculados e uma atribuição regular da alimentação ao longo dos cinco dias da semana.

ISTO É NOTÍCIA

Artigos Relacionados