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Cinco em cada dez angolanos experimentaram pobreza extrema em 2024, aponta inquérito da ONG Afrobarómetro

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Cinco em cada dez angolanos experimentaram situação de pobreza extrema neste ano, um aumento de 11% se comparado ao ano de 2019, aponta um inquérito da organização não-governamental (ONG) AfroBarómetro, empresa pan-africana de estudos de opinião.

O resultado da pesquisa, designado ‘Avaliação da governação e situação social’, que começou a ser divulgado na última semana, revela um nível alto de descrença por parte dos angolanos em relação à melhoria da situação sócio-económica do país.

Com uma amostra de 1 200 pessoas com 18 e mais anos de vida, o estudo mostra que 63% dos inquiridos consideram que a situação económica do país piorou nos últimos 12 meses e apenas 21% qualificam-na como razoavelmente ‘boa’ ou ‘muito boa’.

Ainda segundo o mesmo estudo, do total de entrevistados, 75% disseram que o país está na direcção errada e 21% consideraram estar ‘na direcção certa’, ou seja, menos 9% quando comparado aos números de 2022 (30%).

“Em média, cerca de 60% dos angolanos enfrentaram situações de privação de bens essenciais durante o ano de 2023”, aponta a pesquisa.

Em relação ao nível de pobreza no país, a publicação indica que a situação ‘extrema’ aumentou consideravelmente nos últimos anos.  Em 2019, por exemplo, era de 35%, depois cresceu largamente em 2022, para 44%, e agora voltou a crescer para 46%.

A 18 de Julho do corrente ano, a perita da Organização das Nações Unidas (ONU), Attiya Waris, que esteve em visita de serviço a Angola, através de um relatório preliminar — que avaliou os efeitos da dívida externa sobre os direitos humanos no país —, revelou ter identificado desigualdades significativas, alto nível de pobreza, educação de baixa qualidade, saúde deficiente, fome, questões sanitárias e sociais no território angolano.

A pesquisadora, após apresentar o documento, recomendou o governo a rever o diploma sobre os subsídios aos combustíveis, para aliviar o custo de vida.

Os bispos católicos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) também se mostraram preocupados, em Fevereiro deste ano, considerando existir no país uma “profunda crise de ética” e que se corre o risco de o povo angolano habituar-se à pobreza e acomodar-se perante o quadro de miséria que campeia pelo país.

No princípio do ano, o Centro de Estudos e Investigação Científica (CEIC) da Universidade Católica de Angola (UCAN) alertou, através de uma pesquisa realizada em 2022, que Angola terá pelo menos 17 milhões de pessoas na pobreza no próximo ano.

De acordo com a instituição, a taxa de pobreza tem vindo a crescer todos os anos, passando de mais de 12 milhões de pessoas (41,7%), em 2019, para mais de 16 milhões (49,4%), em 2022. Estima-se que esse número tenha aumentado para 49,8%, em 2023.

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