Chile. Marcha em memória das vítimas da ditadura de Pinochet acaba em confrontos
Confrontos entre a polícia e manifestantes ocorreram, no domingo, 10, em Santiago do Chile durante uma marcha em memória das vítimas da ditadura de Augusto Pinochet, por ocasião do 50.º aniversário do golpe de Estado que colocou o general no poder.
O Presidente do Chile, Gabriel Boric (esquerda), marcou presença na iniciativa, segundo o relato das agências internacionais.
Durante alguns momentos, Gabriel Boric juntou-se ao cortejo que reuniu cerca de cinco mil pessoas, segundo fontes governamentais, tornando-se o primeiro líder chileno a fazê-lo desde o fim da ditadura em 1990.
Alguns manifestantes arremessaram pedras contra o palácio presidencial, destruíram as barreiras de segurança colocadas na via pública e danificaram o acesso a um centro cultural localizado no edifício, segundo a agência France-Presse (AFP).
Também ocorreram confrontos com a polícia em outras zonas da cidade ao longo do percurso da marcha, com alguns manifestantes a atirarem ‘cocktails Molotov’ e a ergueram, mas também a incendiarem, barreiras.
No interior do cemitério, que alberga um memorial às vítimas do regime de Pinochet, foram danificados alguns mausoléus, incluindo o de um senador de direita.
“Como Presidente da República, condeno categoricamente estes acontecimentos […]. A irracionalidade de atacar aquilo por que Allende e tantos outros democratas lutaram é desprezível”, reagiu Boric na rede social X (antigo Twitter).
Três polícias ficaram feridos e três pessoas foram detidas na sequência destes incidentes, segundo fontes governamentais.
Em 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet tomou o poder ao derrubar o Presidente Salvador Allende. O golpe de Estado iria marcar o início de uma ditadura sangrenta, oficialmente responsável por 3.200 assassinatos e desaparecimentos.
Hoje em Santiago do Chile, a maioria dos manifestantes, exibindo bandeiras chilenas e entoando palavras de ordem como “Verdade e justiça já” e “Allende está vivo”, marchou de forma pacífica.
“Com esta marcha, recordamos que 1973 abalou a democracia no Chile e que continuamos a lutar para a manter e reforçar”, explicou Luis Pontigo, 72 anos, um professor reformado que participava no desfile.
Ontem de manhã, Boric inaugurou uma exposição dedicada à memória de Salvador Allende no palácio presidencial La Moneda, na presença de membros da família do falecido líder socialista.
Vários chefes de Estado e de governo, incluindo o primeiro-ministro português, António Costa, estão no Chile para participar nas cerimónias do 50.º aniversário.