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CGSILA acusa governo de querer extinguir a actividade sindical em Angola

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A Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) acusou, nesta terça-feira, 26, o governo de João Lourenço de pretender “extinguir a actividade sindical em Angola, de modo a acabar com as greves”.

De acordo com o secretário-geral da CGSILA, Francisco Jacinto Gaspar, que falava durante uma conferência de imprensa, realizada nas instalações da referida instituição, em Talatona, há uma clara “falta de respeito” por parte do governo ao não atender às reclamações dos movimentos reivindicativos.

“É que não há mesmo disposição e vontade de o governo negociar com ninguém. Repito: o governo está a revelar um comportamento anti-sindical. Não quer nada com o movimento sindical, porque se fosse só com um diríamos que um tem problema”, argumentou o sindicalista.

Durante o encontro, que contou com a presença de representantes dos sindicatos de vários sectores de actividade das demais províncias do país, Francisco Jacinto chamou a atenção para aquilo que está a ser a grande moeda de troca nas negociações com o governo. Na verdade, para o sindicalista, o governo não quer negociar com ninguém.

“O governo está a cumprir a sua vontade, mas dando a volta a essa situação. ‘Quer dizer, vocês não querem discutir para eu atingir o meu objectivo quanto à legislação, mas eu vou tomar medidas quando amanhã vocês pretenderem criar uma reivindicação’. É isso que está a fazer. O governo não está a negociar com ninguém”, afirmou.

O líder associativo desafiou o executivo a proceder à revisão pontual da Constituição, em relação ao artigo 50.º, que se refere ao papel dos sindicatos, de modo a acabar, de uma vez por todas, com eles.

“Nós desafiamos aqui o executivo, que se já não vai a tempo nesses meses que faltam para as eleições… Se este governo ainda ganhar as eleições, depois da tomada de posse, [passados] dois meses, desafiamos a colocar outra vez esta Constituição no Parlamento angolano para a sua revisão. Uma das revisões era extinguir a actividade sindical, porque não vale a pena manter lá, e depois, politicamente dito, estar a fazer coisas contrárias”, desafia o sindicalista.

A CGSILA controla, neste momento, mais de 12 sindicatos que já existem há mais de 20 anos. Porém, o sindicalista lamenta que estes sindicatos não tenham a sua situação regularizada, devido às dificuldades que encontram no processo de reconhecimento junto do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos.

Quanto ao dia 1 de Maio, Dia Internacional do Trabalhador, o responsável da CGSILA disse que “não há muita alegria para se comemorar o 1.º de Maio”, porque a data nos remeteria ao ano 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando, durante uma manifestação, houve confrontos entre trabalhadores e a polícia, provocado por uma greve geral de trabalhadores.

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