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Centrais sindicais desvalorizam anúncio de aumento de 30 mil kz nos salários da administração pública e reafirmam segunda fase da greve geral

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As centrais sindicais, responsáveis pela convocação da primeira greve geral da história contemporânea de Angola, desvalorizaram, nesta sexta-feira, 19, o anúncio do aumento de 30 mil kwanzas no salário da função pública — uma decisão que, na opinião dos grevistas, não responde às preocupações inscritas no caderno reivindicativo entregue ao governo.

Numa nota de imprensa, divulgada horas depois do referido anúncio, as centrais sindicais admitiram ter acolhido com “perplexidade “a decisão de o governo aumentar o salário da função público na ordem dos 30 mil kwanzas, valor que corresponde a 44% da proposta apresentada pelos grevistas.

“O anúncio do aumento não responde às preocupações inscritas no caderno reivindicativo, que se prendem com a actualização não apenas dos salários da administração pública, na ordem de 100%, mas também do salário mínimo, na ordem dos 100 mil kwanzas, bem como a redução da carga fiscal, que tem sido um verdadeiro leão face aos parcos rendimentos dos trabalhadores”, salientaram.

As três centrais sindicais — Força Sindical, União Nacional dos Trabalhadores de Angola – Confederação Sindical (UNTA-CS) e a Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA) — criticaram “a posição unilateral do governo”, que decidiu “determinar o que deve ou não oferecer aos trabalhadores, independentemente do custo de vida e do nível de inflação”.

Para aquelas forças sindicais, tal postura “reflecte a indiferença do governo” em relação às preocupações reais dos trabalhadores, e lembraram ao executivo que “a reivindicação em curso tem em vista não apenas ver actualizado o salário da administração pública, mas também do sector empresarial público e privado, por via da actualização do salário mínimo e da redução da carga fiscal”.

“Em face da indiferença, bem como da ausência de propostas concretas em sede das negociações, as centrais sindicais reafirmam a paralisação de todas as actividades a partir de segunda-feira, dia 22 de Abril”, reforçaram, remantando: “A fome não é uma escolha”.

Anúncio de aumento salarial

Nesta sexta-feira, o Presidente João Lourenço aprovou uma remuneração suplementar de 30 mil kwanzas (44% a contar pela categoria mais baixa) para os funcionários públicos e agentes administrativos do regime geral da função pública.

No decreto hoje assinado, cuja entrada em vigor está prevista para o primeiro dia de Junho, o chefe do executivo estabelece também uma remuneração suplementar ao pessoal da carreira docente do ensino superior e investigadores científicos —  uma medida que, segundo o documento, está em linha com as metas definidas no Roteiro para Implementação da Nova Arquitectura Remuneratória da Administração Pública (RINAR).

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