Capital Economics mantém posição crítica quanto às dívidas angolanas e moçambicanas. Ambos os Estados têm os encargos mais arriscados da África Subsaariana
A consultora britânica Capital Economics voltou a colocar Angola e Moçambique no cimo dos Estados africanos com a dívida mais arriscada, caso haja uma depreciação das moedas locais ou alterações significativas no contexto do comércio internacional.
Em Setembro do corrente ano, os dois lusófonos já haviam sido colocados nos lugares cimeiros dos países da África Subsaariana com o maior risco de uma reestruturação da dívida.
“Angola ou Moçambique, com altos níveis de dívida em moeda estrangeira, são os que estão mais em risco de sobre-endividamento [debt–distress, no original em inglês] caso haja uma deterioração do comércio internacional e/ou um enfraquecimento da moeda”, lê-se numa actualização da consultora sobre a evolução da dívida dos países da África Subsaariana.
Com grande parte da dívida em moeda externa, estes dois países “serão vulneráveis quer a súbitos recuos no valor da moeda, quer em alterações significativas nos termos do comércio internacional”, alertam os analistas.
Num relatório enviado aos clientes, os analistas da Capital Economics escrevem que a média da dívida pública na África Subsaariana ainda está acima dos níveis anteriores à pandemia.
A maioria destas economias, sustentam aqueles analistas, vai precisar de mais ajustamentos orçamentais para estabilizar os rácios da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB), que é um dos principais indicadores usados para aferir a sustentabilidade da dívida de um país.
A posição dos países africanos melhorou um pouco em 2022, face a 2021, “mas apenas uma pequena minoria tem um peso da dívida inferior ao registado antes da pandemia”, e ao contrário do que acontecia, nenhum país tem actualmente um rácio de dívida face ao PIB superior a 100%.