Brasil. Encontrados corpos de jornalista e ativista mortos na Amazónia
As autoridades brasileiras encontraram restos humanos no local onde um dos principais suspeitos confessou ter assassinado o jornalista britânico Dom Phillips e o activista brasileiro Bruno Araújo Pereira numa zona remota da Amazónia.
As autoridades acreditam que os dois estão mortos, apesar de os corpos ainda terem de ser identificados, algo que vai acontecer em Brasília na manhã desta quinta-feira.
Os restos mortais foram encontrados pela Polícia Federal (PF) após um dos principais suspeitos do desaparecimento confessar ter assassinado o jornalista britânico e o indigenista Bruno Araújo Pereira, e ter conduzido agentes federais ao local onde os corpos foram enterrados.
Em conferência de imprensa do Comité de Gestão de Crise realizada no estado de Manaus, o superintendente regional da Polícia Federal, Eduardo Fontes, indicou que durante as escavações que ainda estão a ser realizadas encontraram os restos humanos.
“A noite passada obtivemos uma confissão do primeiro dos dois suspeitos detidos (…) que nos contou em pormenor como o crime foi cometido e onde os corpos foram enterrados”, acrescentou.
A zona onde foram encontrados os corpos, no Vale do Javarí, é de acesso “bastante complicado” o que tem atrasado o processo, admitiu Eduardo Fontes.
Os alegados autores do assassínio são os irmãos pescadores Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado”, e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Dos Santos”. O primeiro foi detido na semana passada e foi considerado o principal suspeito e o segundo foi detido na terça-feira.
Durante a conferência de imprensa, as autoridades dizem que há ainda um terceiro suspeito do crime.
“O objectivo era encontrá-los com vida”, admitiu o delegado da Polícia Civil Guilherme Torres, enviando condolências às famílias do jornalista e do activista.
Dom Phillips, jornalista e colaborador do jornal The Guardian, e Bruno Araújo Pereira, activista dos direitos indígenas, estão desaparecidos desde 5 de Junho, no Vale do Javari, região remota e de selva na Amazónia brasileira perto da fronteira com Peru e Colômbia, onde realizavam uma investigação sobre ameaças de invasores e criminosos contra os indígenas.
O desaparecimento do jornalista e do activista indígena gerou uma enorme onda de preocupação entre os movimentos ambientalistas e mesmo em algumas organizações internacionais, tais como o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pediu ao governo brasileiro para reforçar as buscas.
O Vale do Javarí, segunda maior reserva indígena do Brasil, é conhecido por ser palco de conflitos dominados pelo narcotráfico, roubo de madeira e mineração ilegal.