Boaventura Cardoso apresenta hoje a reedição do seu romance ‘Maio Mês de Maria’
O escritor angolano Boaventura Cardoso e a Mayamba Editora apresentam, nesta quarta-feira, 17, pelas 16h00, no Memorial Dr.º António Agostinho Neto, em Luanda, o romance ‘Maio Mês de Maria’.
O romance, publicado inicialmente em 1997, volta às bancas com a chancela da Mayamba Editora, é uma das mais importantes obras do autor, agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Arte em 2001, pelo romance ‘Mãe Materno Mar’.
Sobre a obra, a especialista brasileira Olímpia Maria dos Santos — professora de Literatura Portuguesa, no Centro de Ensino Superior de Valença e Centro Universitário Geraldo Di Biasi — escreveu:
“’Maio, mês de Maria’, de Boaventura Cardoso, faz um inventário dos primeiros tempos da Angola liberta. Essa obra, a par de demonstrar, assim como outras, que a independência não trouxe a apregoada justiça social, ao contrário, ‘o colonial é ainda uma presença obsediante’, traz, como diferencial, o facto de abordar a questão do fraccionismo, acontecimento sobre o qual, até hoje, pairam pontos obscuros e silenciados”.
Uma outra abordagem sobre o romance de Boaventura Cardoso foi feita pelo escritor Luandino Vieira, considerando-o “um romance perturbante”.
“João Segunda e sua família, angolanos assimilados e ricos, do interior rural — Dala Kaxibo — fogem à frente de um suspeitado, mas não ainda revelado, furacão, suspenso sobre suas cabeças e riquezas. A viagem de fuga vai revelar o inevitável e, paradoxalmente, empurrar-lhes para o centro desse furacão: Luanda, a Independência”, descreve Luandino Vieira sobre a obra, acrescentando:
“Um romance do choque de mentalidades e modos de vida. Aí estão a delapidação, a destruição da riqueza material; a desadequação de costumes e usos; a corrupção de valores, impotentes e perdidos num espesso cacimbo de insegurança, medo, de iniquidades e de injustiça — a repressão. Opondo-se ou aceitando um quotidiano de boatos, suspeitas, mujimbos e dúvidas, com verdades e mentiras, alianças oportunísticas e crendices de toda a natura, João Segunda luta pela sobrevivência. Luta até ao fim. Pateticamente.”
Boaventura Cardoso é licenciado em Ciências Sociais, é escritor e diplomata, tendo ocupado vários cargos ministeriais, como secretário de Estado da Cultura, ministro da Cultura, ministro da Informação, governador da província de Malange, embaixador de Angola em França, Itália, Malta. É actualmente deputado à Assembleia Nacional.
