BNA mantém taxas directoras a pretexto da “manutenção de uma política monetária prudente”
O Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu, mais uma vez, manter as suas principais taxas de juro, justificando a decisão com a “necessidade de manutenção de uma política monetária prudente”. O nível ainda elevado da inflação foi um das razões que esteve na base da referida medida, apesar das ligeiras desacelerações verificadas nos dois últimos meses.
As medidas foram anunciadas na tarde desta terça-feira, 19, pelo governador do banco central, Manuel Tiago Dias, em conferência de imprensa, após reunião do Comité de Política Monetária (CPM), realizada na cidade do Ndalatando, na província do Kwanza-Norte.
De acordo com a decisão ora anunciada, a taxa directora (conhecida como taxa BNA) mantém-se em 19,5%, bem como as de juro de cedência de liquidez em 20,5% e de absorção de liquidez em 18,5%.
Tiago Dias esclareceu ainda que, apesar de a trajectória descendente da inflação continuar, o seu nível mantém-se elevado, exigindo a manutenção de uma política monetária prudente, a fim de não se comprometer os ganhos alcançados e os objectivos de médio e longo prazos.
A desaceleração do Índice de Preços no Consumidor Nacional teve início em Maio e mantém essa tendência até aos dias de hoje, “resultante da relativa melhoria da oferta de bens essenciais de consumo e da adequação do nível de liquidez à actividade económica”.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), o PIB cresceu 4,3%, no primeiro semestre de 2024, motivado fundamentalmente pelo desempenho positivo dos sectores petrolífero (4,6%), diamantífero (33,3%), transporte e armazenagem (17,2%), bem como electricidade e água (8,7%).
“Tendo em conta, por um lado, a dinâmica do PIB e, por outro lado, a informação resultante do acompanhamento da actividade económica nacional, para final deste ano, estimamos um crescimento económico de 4,0%”, avançou o governador do banco central.
Por outro lado, com a inflação mensal a desacelerar 1,55% em Outubro, face aos 1,63% observado no mês anterior, e a homóloga seguindo com o seu percurso descendente pelo terceiro mês consecutivo, situando-se em 29,17%, face aos 29,93% do mês anterior, o Comité de Política Monetária do BNA diz estimar uma inflação em torno dos 27% até ao final do ano.
Após o encontro, o banco central avançou dados relativos à economia nacional, revelando que o stock de crédito à economia em moeda nacional atingiu os 5,48 biliões de kwanzas em Outubro, representando um aumento de 2,64% face ao mês de Setembro, e uma variação acumulada de 19,90% desde o início do ano, ou seja, 908,70 mil milhões de kwanzas em termos absolutos.
No sector externo, o saldo da conta de bens atingiu, em Outubro, 1,62 mil milhões USD, perfazendo um total de 19,18 mil milhões USD em termos acumulados, o que corresponde a um aumento relativo de 7,36%, ou seja, 1,31 mil milhões USD, quando comparado com o período homólogo de 2023.
A melhoria do superavit da conta de bens em termos homólogos deveu-se ao efeito combinado da redução das importações em 8,82% (1,11 mil milhão USD) e do aumento das receitas de exportação em 0,67% (204,29 milhões USD).
O stock das Reservas Internacionais fixou-se em 14,75 mil milhões USD, o que corresponde a um grau de cobertura de 7,84 meses de importação de bens e serviços.
A próxima reunião ordinária do Comité de Política Monetária do BNA está marcada para os dias 20 e 21 de Janeiro de 2025, em Luanda.