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BFA desapega-se da previsão do Banco Nacional de Angola e estima inflação acima dos 30% até ao final do ano

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O Gabinete de Estudos Económicos do Banco de Fomento Angola (BFA) manifesta descrença em relação ao declínio dos preços em Angola, e perspectiva que a inflação continue a subir nos próximos meses e termine o ano perto dos 32,7%.

Através da sua já habitual nota informativa, os especialistas do BFA consideram que a meta de 23,4%, avançada na última reunião do Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA), pelo governador Manuel Tiago Dias, “parece desafiante de atingir até ao final de 2024”.

“No nosso entender, fará sentido uma atenção redobrada aos prazos de vencimento de títulos durante este ano, e para o seu efeito na liquidez. Assim, a nossa perspectiva é que a inflação continue a subir nos próximos meses e termine o ano perto dos 32,7%”, adiantam os especialistas do BFA.

“A meta de 23,4% parece-nos desafiante de atingir até ao final de 2024. Assim, na nossa perspectiva, fará sentido uma atenção redobrada aos prazos de vencimento de títulos durante este ano para o seu efeito na liquidez”

Recorde-se que, visando contribuir para o controlo da liquidez em circulação, ainda no final da última reunião do seu CPM, o banco central decidiu subir a Taxa Básica de Juros para 19,5%, a de Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (FPCL) para 20,5% e a de Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez para 18,5%, enquanto o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional subiu para 21%.

Este aumento das principais taxas acontece numa altura em que o país regista uma inflação descontrolada que já cresce há 12 meses consecutivos, tendo atingindo os 28,02% em Abril (um máximo de quase sete anos) e uma variação homóloga de quase 40% em Luanda.

“A meta de 23,4% parece-nos desafiante de atingir até ao final de 2024. Assim, na nossa perspectiva, fará sentido uma atenção redobrada aos prazos de vencimento de títulos durante este ano para o seu efeito na liquidez”, indicam, salientando que “estes mesmos montantes [títulos] têm impactado significativamente a liquidez e, consequentemente, as taxas de juro em vigor no mercado monetário.

“É necessária uma coordenação e comunicação mais vigorosa entre a gestão de política monetária por parte de Banco Nacional de Angola e a gestão de tesouraria e dívida por parte do Ministério das Finanças (MINFIN)”, concluem.

Na nota informativa enviada à redacção deste portal de notícias, o BFA realça que, “como a inflação tem agora mais conforto para continuar a subir”, o BNA deve reforçar mais a posição já restritiva da política monetária, aumentando mais ainda as taxas de juro e o coeficiente de reservas obrigatórias.

Para os especialistas do banco comercial, como a liquidez continua a crescer vertiginosamente, um uso mais intenso das operações de mercado abertos (OMA) e facilidades será necessário para que o crescimento da moeda em circulação possa de facto começar a desacelerar.

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