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Banqueiro Fernando Teles pede juízo aos políticos angolanos antes que o país se afunde ainda mais

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O banqueiro Fernando Teles criticou, de modo veemente, a forma como as autoridades angolanas têm lidado com o Banco BIC, desde que a empresária Isabel dos Santos, uma das accionistas, passou a enfrentar problemas na justiça. O veterano da banca comercial em Angola, sem papas na língua, pediu mesmo “juízo” aos políticos, para que o país não se afunde ainda mais.  

“Espero é que o país continue a dar a volta por cima, que os políticos tenham juízo, e que nos ajudem a manter o país a funcionar, porque o país precisa de quem invista, precisa de quem dê o seu máximo, para que as coisas funcionem”, afirmou Fernando Teles, enquanto discursava perante uma plateia de trabalhadores daquela instituição financeira bancária.

As declarações de Fernando Teles foram proferidas durante o evento comemorativo dos 20 anos do Banco BIC, momento solene aproveitado pelo banqueiro para partilhar alguma frustração e algumas verdades incómodas sobre aquilo que acredita ser um caminho tortuoso para uma instituição financeira bancária com mais de dois mil trabalhadores e presente em todas as províncias do país.

“Aquilo que está a acontecer connosco não devia estar a acontecer. Nós estamos a ser preteridos em muitas operações que são realizas através do Ministério das Finanças e através do Banco Nacional de Angola. Acho que é uma vergonha aquilo que está a acontecer”, lamentou o banqueiro.

As críticas de Fernando Teles devem-se, sobretudo, à forma como as autoridades angolanas passaram a olhar para o banco que ajudou a fundar em 2005, que tem também como accionista Isabel dos Santos, acusada pelo Ministério Público angolano de 11 crimes, relacionados com a sua passagem pela Sonangol.

“Nós, a maioria dos accionistas, com 57,5% do capital, não temos nada a ver que haja uma accionista do banco que tem problemas com a justiça. Não podemos estar a ser prejudicados por isso. Quem está a ser prejudicado não é sou eu, são vocês todos [referindo-se aos trabalhadores do BIC]. São vocês todos que estão a ser prejudicados com esta treta, com esta política que está a ser seguida”, desabafou o banqueiro.

Para Fernando Teles, não é admissível que “um banco, que é o maior banco do país em termos de agências e em número de trabalhadores”, esteja a ser objecto do tratamento que tem sido dado ao BIC; uma situação que só se justificaria, segundo o afirmou, “a não ser que queiram afundar o país”. “Se quiserem afundar o país, estão no bom caminho, que é destruir as boas empresas”, frisou.

O banqueiro lamentou que o Banco BIC esteja hoje a ser preterido em favor de bancos que não têm agências nas várias províncias, e que não estejam presentes em todo o país.

Apesar da difícil conjuntura que atravessa o banco, Fernando Teles destacou o facto de ainda não estarem a fazer despedimentos, como têm feito alguns bancos; uma situação que pode, a qualquer altura, alterar-se, se o tratamento a que está a ser alvo o banco se mantiver.

“Nós ainda não começamos a despedir trabalhadores. Já começámos a fechar agências, mas se continuarmos por este caminho em que nos estão a atrofiar, o que vai acontecer é que alguns de vocês vão ter que ir para rua. E isto não pode ser”, disse, apelando:

“Temos de continuar a lutar contra isso. Temos que continuar a fazer o nosso papel, temos de continuar de cara erguida, porque o banco é uma instituição que cresceu com todos os seus trabalhadores, cresceu com vocês. Tenho uma boa notícia para vos dizer: mesmo com todas as dificuldades, em Julho, vamos distribuir incentivos”.

O Banco BIC é uma referência do sistema financeiro angolano desde em 2005. Dispõe de uma rede de atendimento extensível, constituída por 229 unidades comerciais, sendo 206 Agências, 17 Centros de Empresas, três Centros de Investimento, dois Postos de atendimento, um Private banking e diversos ATM’s Center espalhados a nível nacional.

Oferece uma ampla gama de produtos serviços bancários, incluindo soluções de crédito, depósitos, investimentos, serviços financeiros, mantendo sempre o seu foco na excelência e confiança.

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