Banco Nacional de Angola mostra-se mais optimista e mantém previsões de inflação nos 17,5%
O Banco Nacional de Angola (BNA) manteve a previsão de inflação de 17,5% até ao final do ano, devido à tendência de desaceleração observada nos últimos meses, porém, garante vir a rever em Julho próximo.
A informação foi revelada na terça-feira, 21, pelo governador da instituição, Manuel Tiago Dias, que falava em conferência de imprensa, no final da 123.ª Reunião do Comité de Política Monetária, que destacou a desaceleração da taxa de inflação mensal, fixada em 1,34% em Abril, face aos 1,38% observados em Março.
“A inflação homóloga (dos últimos 12 meses) situou-se em 22,32% no mês de Abril, inferior aos 23,85% do mês anterior”, frisou.
Esta desaceleração observada deve-se, segundo o governador do banco central, às actuais condições da economia angolana, “marcadas pela disponibilidade de uma maior oferta de produtos de amplo consumo, associadas às condições monetárias adequadas e à relativa estabilidade da taxa de câmbio”.
O governador do BNA garantiu que vão continuar a monitorizar o rumo da economia, aguardando também pelos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o desempenho da actividade económica no I trimestre deste ano.
“Nós pretendemos olhar para as nossas projecções e eventualmente fazermos uma actualização das mesmas, no mês de Julho, por altura da realização da nossa reunião do Comité de Política Monetária (CPM)”, acrescentou.
De acordo com Manuel Tiago Dias, uma eventual alteração das metas do BNA tem sido ponderada, porque a taxa de inflação homóloga em 2024 foi de 27,5%, sendo o objectivo de inflação para 2025 de 17,5%, uma redução de dez pontos percentuais.
“Quando olhamos para a inflação acumulada, até ao mês de Abril, de 22,3%, nós já tivemos aqui uma redução bastante substancial, na ordem dos 50% daquilo que nós pretendemos alcançar até ao final do ano”, sublinhou.
Para Maio e Junho, as projecções apontam para a tendência de redução da inflação homóloga, “razão pela qual as projecções vão ser apenas revistas no mês de Julho”, quer da inflação, quer do Produto Interno Bruto (PIB).
“Nós sempre dissemos, desde o ano passado, que iríamos assistir a uma contínua queda da inflação homóloga até aos meses de Maio e Junho de 2025, e é o que esta a acontecer”, afirmou.
As projecções do banco central não estão próximas das de algumas instituições nacionais e internacionais.
Por exemplo, os especialistas do Gabinete de Estudos Económicos do Banco Fomento Angola (BFA) prevêem que o crescimento da economia angolana abrande para 4% este ano e a inflação cresça acima de 20% ao longo de todo o ano.
A consultora Fitch Ratings também apresentou recentemente suas projecções em relação à inflação angolana, revelando que espera uma média de 20% em 2025 e de 16% em 2026.
Embora reconheça ligeiras desacelerações, a renomada agência de classificação de risco de crédito acredita que a inflação em Angola vai continuar alta.
O Banco Mundial (BM), além de projectar uma queda de 2,7% da economia angolana, prevê que a inflação, ora apontada para 16,1% há poucos meses, deverá subir para os inquietantes 25%, sendo Angola um dos 14 países entre os 47 da região que têm uma inflação de dois dígitos.