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Angolanos investiram mais em Portugal do que o país europeu em Angola

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O total do investimento angolano em Portugal mostrou-se superior ao português em Angola, no mês de Junho deste ano, cifrando-se em 241 milhões de euros, enquanto as exportações do país europeu observaram uma redução de 2,8% no primeiro semestre de 2021, resultado da contração nas importações, que caíram em cerca de 78%, em termos homólogos.

Os dados anunciados pelo Banco de Portugal (BdP), e enviados à Lusa pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), foram confrontados numa altura em que as trocas internacionais estavam num período de déficit por conta da pandemia da Covid-19.

No mês de Junho, o Investimento Directo Estrangeiro de Angola em Portugal (IDE) ascendeu a 2.214 milhões de euros, face aos 1.973 milhões de euros de Investimento Directo Português no Estrangeiro (IDPE) em Angola registados no mesmo período.

O IDE tem-se mantido mais ou menos estável desde 2017, sendo que em Dezembro de 2019 totalizava um total de 2.249 milhões de euros e um ano depois fixou-se nos 2.176 milhões de euros.

Por outro lado, o IDPE registou uma queda assinalável nos últimos anos, mas, em Dezembro de 2017 ascendeu a 4.547 milhões de euros, e em 2020 já tinha descido para 1.944 milhões de euros.

Nos últimos dez anos, muita coisa mudou nas relações entre empresários angolanos e portugueses, com os exemplos mais evidentes a serem a queda da influência de Isabel dos Santos, na sequência do processo Luanda Leaks, e as consequências do desaparecimento do Grupo Espírito Santo Angola.

Angola e Portugal mantêm laços económicos importantes em sectores como os da banca, construção, energia e indústria. A nível da banca angolana, das cinco instituições bancárias mais importantes em Angola, duas têm capitais de origem portuguesa: o Banco de Fomento Angola (BFA), que tem o BPI como accionista, e o Banco Económico, ex-Banco Espírito Santo Angola (BESA), do Grupo Espírito Santo, no qual o Novo Banco, rendeiro do antigo BES, mantém uma posição accionista.

No sector da construção, a Mota-Engil Angola, uma filial criada em 2010 pelo grupo para Angola, conta com accionistas como a Sonangol (20%), estando o Estado angolano a equacionar a venda desta posição accionista.

*Com a Agência Lusa

Jaime Tabo

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