Isto É Notícia

Angola recusa cortes nas quotas de produção de petróleo bruto e entra em rota de colisão com a OPEP+

Partilhar conteúdo

A 36.ª Reunião Ministerial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo Bruto (OPEP), realizada nesta quinta-feira, 30, por vídeo-conferência, ficou marcada por uma forte rejeição e protesto de Angola ante a deliberação de uma redução das quotas de produção de petróleo bruto para o ano de 2024.

Segundo um comunicado do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás (MIREMPET), a Angola foi atribuída uma quota de produção de 1.110 mil barris de petróleo bruto por dia, definida com base em projecções de fontes secundárias, contrariando a sua proposta de 1.180 mil barris, o que levou à contestação da decisão por “não ter sido tomada por unanimidade e ser contra a posição angolana”.

De acordo com a nota, foi reiterada, durante a reunião, a proposta da quota de 1.180 mil barris de petróleo bruto por dia para o ano de 2024 e, depois, enviada uma nota de protesto ao Secretariado Geral da OPEP.

“O nosso país é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo Bruto (OPEP) há mais de 16 anos e, durante este período, tem cumprido cabalmente todas as obrigações da Organização, bem como tem partilhado dos esforços que os países signatários da Declaração de Cooperação OPEP e Não OPEP (OPEP+) têm desenvolvido com vista a estabilizar o mercado petrolífero internacional”, lê-se no documento.

Em declarações à Lusa, no final do referido encontro ministerial, Estevão Pedro, governador de Angola na OPEP, disse que se sentiu a falta do critério habitualmente obedecido (unanimidade) e beliscou-se a soberania dos países membros.

“O que faltou na reunião foi o critério habitualmente utilizado que é a unanimidade”, lamentou, considerando que a posição de Angola deveria “ser aceite”, cumprindo o princípio da soberania dos países membros.

Quanto à permanência de Angola na OPEP, o responsável afirmou que qualquer decisão futura dependerá da resposta à nota de protesto.

“Vamos esperar pela reacção. Primeiro vamos ter o feedback da OPEP. Tudo o que tiver de acontecer a posteriori é a posteriori“, afirmou em declarações à agência de notícia portuguesa.

Os membros do cartel que representa a maioria da produção de petróleo mundial desentenderam-se já na semana passada sobre as metas de produção para os países africanos, entre os quais Angola e Nigéria.

Arábia Saudita e os seus aliados queriam impor quotas mais baixas para a produção petrolífera dos países africanos, numa tentativa de aumentar os preços para o próximo ano, mas contaram com a oposição destes países, nomeadamente Angola, que pretende aumentar a produção e as receitas petrolíferas.

ISTO É NOTÍCIA

Artigos Relacionados