Angola gasta 200 milhões USD mensais para importar alimentos, revela José de Lima Massano
Angola gasta mensalmente 200 milhões de dólares norte-americanos para comprar bens alimentares como arroz, açúcar, frango, trigo e óleo alimentar, disse, nesta terça-feira, 21, o ministro de Estado para a Coordenação Económica.
José de Lima Massano, que falava na abertura da 3.ª edição do ‘Angola Economic Outlook’, disse que o país não pode continuar a depender de factores externos para alcançar a auto-suficiência alimentar, destacando também os efeitos sobre a estabilidade dos preços.
A importação de alimentos, frisou, tem impacto directo na dinâmica de crescimento económico e na criação de postos de trabalho, mas também sobre a inflação, que depende do comportamento dos preços dos alimentos que representam cerca de 60% do cabaz típico de produtos consumidos pelos angolanos.
“Este cenário não faz sentido num país com recursos e capacidade para desenvolvimento do sector agropecuário”, afirmou José de Lima Massano, salientando que Angola pode produzir internamente grande parte dos produtos para atender às necessidades da população.
O desenvolvimento deste sector primário, continuou, tem potencial de criação de emprego, potenciar a agro-indústria e gerar recursos cambiais, além de melhorar a segurança alimentar.
José de Lima Massano deu conta das medidas do executivo direccionadas para o sector, entre as quais a maior dotação orçamental para o Ministério da Agricultura, com um incremento de mais de 80%, créditos para a campanha agrícola e preços mínimos garantidos para produtos agrícolas.
Adiantou que serão anunciados já em Junho preços e produtos para a campanha agrícola 2024/2025.
Pressionada sobretudo pela pela alta de preços da saúde e dos alimentos e bebidas não alcoólicas nos últimos dois meses, a taxa de inflação em Angola voltou a acelerar, pelo 12.º mês consecutivo, em Abril para 28,20% — um máximo de quase sete anos, segundo o Instituo Nacional de Estatística (INE).
Para o site Trading Economics, é preciso recuar até Junho de 2017, altura em que a inflação se situou em 30,51%, para encontrar um valor mais elevado.
Em resposta, procurando manter o controlo da liquidez em circulação e consequente abrandamento da inflação, o Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu, na últoma sexta-feira, 17, aumentar as suas principais taxas de juro.
Deste modo, a taxa directora (conhecida como taxa BNA) saiu dos 19% para 19,5% e a taxa de juro de ‘Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez’ de 19,5% para 20,5%.
O banco central decidiu ainda manter a taxa de juro da ‘Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez’ em 18,5% e aumentar o coeficiente das reservas obrigatórias em moeda nacional de 20% para 21%.