Angola e Zâmbia juntam-se a Africa Finance Corporation com acordos de concessão para concretização dos objectivos no Corredor do Lobito
O ministro dos Transportes, Ricardo Viegas d’Abreu, assinou, nesta terça-feira, 24, em Nova Iorque, um acordo de concessão para o financiamento, construção, propriedade e operação do Corredor do Lobito. A assinatura dos acordos contou também com a presença da Zâmbia, que se fez representar através do seu ministro dos Transportes, Frank Tayali.
Os acordos de concessão, assinados com a Africa Finance Corporation (AFC), para o financiamento, construção, propriedade e operação deste megaprojecto ferroviário contemplam “a construção de uma linha ferroviária inteiramente nova, de aproximadamente 800 km, para ligar o Caminho de Ferro de Benguela, em Luacano (Angola), à já existente linha ferroviária da Zâmbia, em Chingola”.
“Angola tem o prazer de estabelecer uma parceria com a AFC neste projecto transformador, que vai aprofundar o papel de Angola enquanto centro logístico regional e impulsionar o comércio não só com a Zâmbia, mas com o resto do mundo”, afirmou o ministro Ricardo d’Abreu, no final da cerimónia organizada pelo secretário de Estado dos EUA, Antony J. Blinken, e pela Parceria do G7 para a Infra-estrutura e Investimento Global (PGI), do governo de Joe Biden, à margem da 79.ª sessão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
De acordo com o comunicado do Ministério dos Transportes, no seguimento da assinatura dos acordos foi assinado um outro que vai permitir à AFC receber um financiamento de dois milhões de dólares norte-americanos da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos Estados Unidos (USTDA, na sigla inglesa), para a conclusão dos estudos ambientais e sociais do projecto.
“Este financiamento é o primeiro com o qual a AFC aproveitará o financiamento da USTDA, e facilitará avaliações de impacto ambiental e social (ESIA) abrangentes para garantir que o projecto ferroviário esteja alinhado com as melhores práticas e padrões ambientais internacionais”, lê-se no comunicado.
A ligação entre Angola e Zâmbia é apontada como uma das mais importantes a nível comercial na África Austral, já que cria um corredor comercial “para facilitar a circulação eficiente de mercadorias e promove investimentos na agricultura, na electricidade, na mineração, na saúde e nas infra-estruturas digitais”.
Trata-se da rota mais curta “para as exportações e importações, ligando as principais regiões mineiras, os pólos agrícolas e as empresas da Zâmbia e da República Democrática do Congo ao Porto do Lobito”, assumindo-se como uma “rota estratégica” para as exportações destes dois países.
O comunicado do departamento ministerial angolano avança que a linha ferroviária deve criar “benefícios económicos de aproximadamente três mil milhões de dólares norte-americanos para ambos os países, reduzir as emissões atmosféricas em cerca de 300 mil toneladas por ano, e criar mais de 1 250 postos de trabalho durante a sua construção e o arrancar das operações”.
A AFC é a promotora líder do Corredor do Lobito, em colaboração com o governo dos Estados Unidos, a União Europeia (EU), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), e os governos de Angola, da República Democrática do Congo e da Zâmbia.
“Angola tem muito a ganhar em termos de oportunidades de investimento e de reputação se em cada um dos seus projectos estruturantes seguir e implementar as melhores práticas internacionais no domínio da protecção ambiental”, salientou Ricardo d’Abreu.