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Angola é uma das cinco nações africanas mais expostas a choques económicos

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A Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) considera que Angola está entre os cinco países africanos mais expostos a choques económicos provenientes das variações do comércio mundial, tendo em conta o elevado nível de dívida pública.

“Os países mais expostos a choques económicos através do seu comércio global e níveis de dívida são Moçambique, Zâmbia, Angola, Sudão do Sul e República do Congo”, descreve o Relatório de 2024 sobre o Desenvolvimento Económico em África, elaborado pela UNCTAD.

No documento, apresentado, nesta segunda-feira, 10, em Abidjan, Côte d’Ivoire, pela secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, e pelo ministro do Comércio, da Indústria e da Promoção das Pequenas e Médias Empresas (PME) ivoriense, Souleymane Diarrassouba, aponta-se que “a inflação mais elevada, como o mundo registou em 2022, aumenta inevitavelmente o espectro de taxas de juros mais elevadas, o que pode criar choques nos países com um elevado peso da dívida, aumentando assim o custo de servir os encargos”.

A UNCTAD considera que “grandes montantes de endividamento externo podem colocar um fardo insustentável nos países se o seu crescimento económico não permitir uma receita fiscal suficientemente grande para servir a dívida e/ou se as suas exportações e movimentos cambiais mudarem de forma negativa, tornando o serviço da dívida mais difícil”.

Em 2023, quase metade dos países africanos tinham um rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto (PIB) superior a 60%, o que colocou a possibilidade de incumprimentos financeiros (defaults, no original em inglês) devido à falta de margem orçamental para investir no desenvolvimento das economias.

“Devido a disrupções na cadeia de oferta global, inflação mais elevada e aos custos de endividamento a nível mundial, muitos países em África estão a enfrentar a possibilidade de defaults, registando elevados rácios da dívida face ao PIB”, assinala o relatório da UNCTAD, concluindo:

“Torna-se claro que os países com maior concentração de exportações e dívida governamental mais profunda vão estar particularmente expostos aos choques económicos que caracterizam esta ‘policrise”.

Durante a conferência de imprensa, a secretária-geral da UNCTAD tentou mostrar uma imagem positiva, defendendo que, apesar dos riscos e dos desafios actuais do continente africano, a mensagem é de esperança.

“Olhamos para o continente africano na perspectiva do seu enorme potencial, porque acreditamos no futuro de África; os desafios são reais, mas colocamos a nossa ênfase nas oportunidades, desde que haja políticas e parcerias adequadas”, disse Rebeca Grynspan, reconhecendo que o aumento do custo da dívida “não quer dizer que a dívida tenha subido, mas sim que o custo de servir a dívida aumentou, afectando a percepção sobre a sustentabilidade financeira dos países”.

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