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Angola é o país com a pior imprensa de África, conclui estudo da ONG AfroBarómetro

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Numa altura em que o Presidente da República, João Lourenço, considera satisfatório o desempenho da comunicação social no país, Angola aparece classificada como o país com a pior imprensa a nível do continente Africano. A avaliação consta de uma sondagem da organização não-governamental (ONG) AfroBarómetro, empresa pan-africana de estudos de opinião.

O resultado da pesquisa foi publicado na edição de 4 de Junho do corrente ano do jornal sul-africano ‘Continental’ e retomada pelo Club-K, e coincide com as declarações de João Lourenço, que afirmou “estar satisfeito e orgulhoso com o desempenho da comunicação social nacional”.

“Estou satisfeito. Temos uma boa comunicação social que muito nos orgulha. É evidente que não é perfeita, como nada é perfeito. Outros sectores da vida do país também não atingiram a perfeição. Isto é um processo que é longo, mas algum dia vamos ter a comunicação social que o país realmente merece”, referiu o chefe de Estado, quando questionado durante a entrevista colectiva, que concedeu a 12 órgãos de comunicação, na quinta-feira, 9, em Luanda.

Orgulhosos ou satisfeitos o facto é que não é o entendimento do estudo que coloca Angola na liderança do ranking da lista dos “piores” em África, em termos de comunicação social.  No estudo, Angola aparece à frente da Etiópia, Zimbabwe, Gabão e Eswatini.

“Algumas semanas atrás, vimos que a maioria (62%) dos africanos augura por uma mídia livre em seus países. E entre 34 países africanos que a ONG Afrobarómetro pesquisou em 2019/2021, seis em cada dez cidadãos (60%) disseram que a mídia nos seus países era de facto “um pouco” ou “completamente” livre para se trabalhar sem interferência. Foi a opinião da maioria em 26 países, embora muito poucos como liberianos (19) e gaboneses (22%) concordassem”, lê-se na publicação.

“Mas se a liberdade vem com a responsabilidade de ser justa, a mídia parece ter ficado aquém”, escreve o jornal sul-africano, acrescentando que “apenas 36% dos entrevistados disseram que a mídia de seu país oferece uma cobertura justa de todos os candidatos nas eleições nacionais mais recentes”.

A publicação indica que a Sierra Lione (54%), Tanzânia (53%), Mauritânia (53%) e Senegal (51%) foram os únicos países onde a maioria dos entrevistados admitiu que a cobertura era justa. Menos de um em cada cinco cidadãos concorda que em Angola (14%) e no Zimbabwe (17%) esta cobertura eleitoral seja livre.

Recorde-se que Angola ocupa, actualmente, o 99.º lugar do ranking da Liberdade de Imprensa. No dia 3 de Maio, Dia Mundial de Liberdade de Imprensa, o Instituto para a Comunicação Social da África Austral (MISA) considerou “não haver muitos motivos para comemorar” 30 anos depois da declaração de Windhoek para o Desenvolvimento de uma Imprensa Livre, Independente e Pluralista, adoptada por jornalistas de todo o mundo reunidos num seminário convocado pela Organização das Nações Unidas.

Segundo a MISA-Angola e o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Angola registou recuos no que toca à liberdade de imprensa nas últimas três décadas e as razões são várias, como “a não existência de pluralidade de conteúdos, a censura e auto-censura, o controlo por parte das autoridades governamentais dos meios de comunicação social e coacção, considerando que o Estado angolano tomou o monopólio da imprensa nacional”.

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