Amnistia Internacional reage à libertação de todos os activistas indultados pelo PR JLo: “Estas pessoas nunca deveriam ter sido presas”
A directora regional adjunta da Amnistia Internacional (AI) para a África Oriental e Austral, Sarah Jackson, reconheceu, nesta terça-feira, 7, que a libertação dos quatro activistas e da influenciadora digital Neth Nahara é motivo de celebração, porém, considerou que estas pessoas “nunca deveriam ter sido presas somente por exercerem os seus direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica”.
Na primeira reação à libertação de Ana da Silva Miguel ‘Neth Nahara’ e dos activistas Adolfo Campos, Hermenegildo Victor José ‘Gildo das Ruas’, Gilson Moreira ‘Tanaice Neutro’ e Abraão Pedro Santos ‘Pensador’, a directora regional adjunta da AI não poupou nas críticas à actuação das autoridades angolanas.
“Embora celebremos a sua libertação, essas cinco pessoas nunca deveriam ter sido presas. As autoridades [angolanas] prenderam-nos somente por exercerem os seus direitos à liberdade de expressão e de reunião pacífica. Estamos ansiosos para que recebam o atendimento médico que as autoridades deliberadamente lhes negaram na prisão”, afirmou Sarah Jackson, citada pelo site oficial da AI.
A organização não-governamental que defende os direitos humanos com mais de sete milhões de membros e apoiantes em todo o mundo apelou ainda às autoridades angolanas a porem fim às “prisões arbitrárias e à tortura no país”.
Para a AI, o governo angolano “deve respeitar os direitos de todos à liberdade de expressão e de reunião pacífica e acabar com a detenção arbitrária e a tortura no país. Eles devem responsabilizar urgentemente qualquer um suspeito de responsabilidade pela violação dos direitos desses cinco activistas.”
A 25 de Dezembro de 2024, o Presidente João Lourenço anunciou a decisão de indultar Neth Nahara e os activistas Adolfo Campos, Gildo das Ruas, Tanaice Neutro e Pensador. A influeciadora digital foi a primeira a beneficiar da libertada, no dia 1 de Janeiro, ao passo que os activistas saíram nesta segunda-feira, 6.
Neth Nahara foi detida a 13 de Agosto de 2023, após fazer uma live na rede social TikTok, durante a qual criticou o Presidente João Lourenço. Os quatro activistas foram detidos pela Polícia Nacional a 16 de Setembro de 2023, antes de uma manifestação em solidariedade aos moto-taxistas, em Luanda.
Na sua publicação, a Amnistia Internacional escreve que, durante a prisão dos agora indultados, as autoridades negaram deliberadamente cuidados de saúde a alguns dos cinco, incluindo cirurgia urgente e medicação diária para o VIH.
O casos dos activistas e da influenciadora digital levou a AI a realizar uma campanha extensiva pela libertação dos mesmos, com petições, declarações públicas, eventos e muito mais, tendo apoiado as suas famílias e representantes legais durante o tempo em que estiveram presos.
Neth Nahara, por exemplo, foi destaque no Write for Rights de 2024, a maior campanha de direitos humanos da Amnistia Internacional.