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ACJ revela que sofreu assédio para aceitar um terceiro mandato de JLo em troca de suborno e da alteração da Constituição

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O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, revelou, nesta segunda-feira, 7, ter sido, por diversas vezes e por intermédio de vários emissários, alvo de assédio para viabilizar um terceiro mandato de João Lourenço em troca da alteração da Constituição da República e de um alegado suborno.

A ‘polémica’ declaração, proferida durante a III edição do ‘Conversas Economia 100Makas’, promovida pelo jornalista Carlos Rosado de Carvalho, deveu-se ao questionamento se aceitava um terceiro mandato de João Lourenço em troca da alteração da actual Constituição da República de Angola, uma resposta que não se fez esperar:

“Estamos a fazer um debate transparente e eu vou dizer que isso já aconteceu, infelizmente. As abordagens têm-se feito com emissários vários. Felizmente, nunca houve e nem haverá disponibilidade para isso. Já fui contactado várias vezes”, afirmou Adalberto Costa Júnior, acrescentando:

“[Emissários] mandatados [para esse efeito] e, depois da minha chamada de atenção, negados, porque eu já chamei a atenção de que não devia ser esta a abordagem para a construção de um futuro. Mas, como todos sabem, esta é uma prática recorrente no nosso país. As abordagens, a compra de personalidade, os envelopes, infelizmente, isso também aconteceu, na tentativa”.

O líder da oposição, que se recusa sequer a colocar sobre a mesa de discussões o assunto relativo a possível alteração à Constituição da República, defendeu que o timing para se mexer na ‘carta magna’ angolana não seria o mais indicado, por não responder, por ora, aos anseios do país.

“Eu, enquanto presidente da UNITA, estive e estarei indisponível a uma revisão da Constituição nesta fase. Estarei indisponível porque a revisão da Constituição não vai servir Angola”, vincou.

Adalberto Costa Júnior explica a posição do seu partido com o facto de uma mexida na Constituição implicar a anulação de mandatos, muito embora entenda que seja uma necessidade que Angola precisa de fazer, por se tratar de um tema “indiscutível”.

“Na nossa visão, vamos associar a proposta de revisão constitucional ao projecto de alternância. Significa [que] nós não vamos antecipar a revisão da Constituição às eleições. O cidadão, quando for votar, vai ter consciência que vai votar para uma alternância e para uma nova Angola em que o status quo de hoje está com uma ruptura devidamente anunciada. Nunca antes porque ela levaria imediatamente à anulação dos mandatos cumpridos”, considerou.

“Por que se buscam tanto estas revisões?”, questionou o próprio político, para a seguir responder à mesma: “Lamentavelmente não é apenas Angola. Nós temos algumas práticas e acompanhamos de perto algo recorrente no nosso continente. Chegados aos limites, tudo se faz para não se sair do poder. Porque se governa sem receio e só vem o receio quando chega o fim. E quando chega o fim, vem a blindagem dos poderes”.

Para o líder da UNITA, esta é uma questão que ocorre em muitos países africanos, não sendo Angola uma excepção, e apresenta como exemplo “as medidas que nos estão a trazer a clarividência de que os medos chegaram”.

“As propostas não democráticas que existem hoje na Assembleia, de alteração de uma série de leis. Isto é um evidentíssimo sinal de que o elemento mais alto não foi obtido, que é a revisão da Constituição. Então, vai-se obtendo por outras vias”, comentou o político, reiterando a sua indisponibilidade para uma mexida na Constituição no actual quadro político.

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