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ACJ responde às críticas dos jovens que o condenam por não ter dado voz à revolução de rua em 2022 e questiona o porquê de terem ficado à sua espera

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O presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, rebateu as críticas de que tem sido alvo por não ter assumido, em 2022, a ‘voz de comando’ para que o povo saísse às ruas a reclamar dos resultados eleitorais, que o maior partido na oposição e parceiros de plataforma política consideram fraudulentos.

Em declarações feitas no Huambo, por ocasião do Dia do Deputado, comemorado a 8 de Maio, Adalberto Costa Júnior retrucou os “insultos violentos” de que tem sido objecto por parte de alguns jovens, sobretudo a nível das redes sociais, nos quais é-lhe atribuído responsabilidades acrescidas pela forma como se encerrou o dossier eleições de 23 de Agosto de 2022.

Para muitos internautas, tal como o fez na hora do apelo ao voto na UNITA e na Frente Patriótica Unida (FPU) — sobretudo quando o candidato pela UNITA declarou que o povo só tinha de fazer a sua parte e que tudo o resto que deixassem com eles — Adalberto Costa Júnior tinha também o dever moral de ser o primeiro a apelar àquilo que viria a ser uma espécie de ‘revolução de rua’ para contestar os resultados oficiais anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), que deram vitória ao MPLA com 51.17% contra os 43.95% do maior partido na oposição.

Para Adalberto Costa Júnior, as críticas que lhe têm sido assadas não são de todo justas, uma vez que o povo, espontaneamente, teve também a oportunidade de tomar a decisão de sair à rua e não ficar “simplesmente” à espera do seu apelo ou de um apelo de uma liderança partidária.

Realçar que, nas vésperas da realização das eleições, e mesmo durante e sobretudo depois da mesma, o governo colocou em vários pontos da cidade de Luanda (sobretudo) um efectivo bastante robusto composto por elementos ligados às Forças Armadas Angolanas (FAA), vários efectivos afectos às forças de defesa e segurança (vários ramos), bem como andou a fazer uma demonstração de força com exibições de armamento pesado pela capital; material que viria depois a ser usado durante a cerimónia de posse do Presidente João Lourenço.

“Nós, depois das eleições, não quisemos ir para aquela revolução de rua. E muita gente ficou zangada. Muita gente. E a pergunta que eu faço é: por que é que ficaram à espera de mim? Sim, por que é que ficaram à espera de mim?! Eu vou voltar a perguntar: por que é que ficaram à espera da minha voz, para ir para a rua?!”, questionou o líder da UNITA, quando discursava para uma multidão.

Os exemplos vividos em outras geografias do continente africano são, na opinião do presidente do maior partido na oposição, bastante apelativos para aqueles que entendem a ‘revolução de rua’ como uma alternativa para o destino político-eleitoral que se pretendia para o país naquela data em concreto.

“Vocês viram a voz de comando no Senegal? Viram a voz do comando? O povo saiu, não ficou à espera. Foi atrás daquilo que acreditava que devia fazer. E aqui? Aqui somos capazes? Ou vamos sempre andar atrás da figura de uma liderança partidária? Vamos ter ou não capacidade, ter maturidade para ler os desafios do país? Vamos ou não vamos ter?”, questionou o líder da UNITA, trazendo à colação o exemplo mais recente do Senegal.

Sobre as críticas propriamente ditas dirigidas a si, Adalberto Costa Júnior admitiu ter acesso a elas e inclusive conhecer alguns jovens, que diz respeitar, que o “insultam violentamente”. No entanto, a estes mesmos jovens o líder da UNITA tinha um questionamento a fazer:

“E a minha pergunta é: por que é que você não saiu? Sim, por que é que não saiu? Por que é que me está a insultar a mim? Por quê? Por quê?”, insistiu o também coordenador da plataforma FPU, integrada pela UNITA, pelo Bloco Democrático e pelo projecto político PRA-JA.

Diante das críticas, o presidente da UNITA assume o compromisso de “procurar cada vez mais falar com estes jovens”, e manter uma aproximação com quem lhe está a criticar, de modo a partilharem “o caminho do futuro” e a necessidade de se conquistar, em definitivo, “um futuro diferente para este país”.

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