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A saga de violência policial continua: SIC tortura jornalistas em pleno exercício de funções

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Mais de cinco jornalistas de diversos órgãos de comunicação social angolanos foram detidos, agredidos e torturados por efectivos do Serviço de Investigação Criminal (SIC), na manhã desta quinta-feira, 8, no Bairro Popular, em Luanda.

De acordo com o director do Jornal Hora H, Escrivão José, o facto aconteceu quando os jornalistas tentavam, nas imediações do SIC Geral, acompanhar e reportar a detenção do chefe da Força Tarefa dos Bombeiros Unidos Sem Fronteiras (BUSF), Flávio Cayongo.

Informados de uma alegada manifestação que decorria em frente ao órgão de investigação criminal — organizada pelo grupo de profissionais dos BUSF, que reclamavam a liberdade de seu líder —, os profissionais da comunicação social foram recebidos com brutalidade por efectivos do SIC, tendo sido “submetidos a torturas psicológicas e físicas de forma irracional”, sem, no entanto, oferecerem quaisquer resistências.

Os profissionais contaram que, enquanto decorria a entrevista com a mãe do cidadão detido, os homens do SIC, sito no distrito urbano do Neves Bendinha (Bairro Popular), dirigiram-se ao local usando e abusando da força, detendo sob fortes torturas os cerca de dez jornalistas e mais dois membros da família de Flávio Cayongo, que se encontravam no local.

“Fui porcamente espancando, bateram-me bastante. Como podem ver, há ferimentos nos lábios, o rosto todo dói. É complicado. Nós não constituímos ameaça alguma, chegámos bem identificados e pediram-nos apenas para entrarmos em suas instalações, e partiram para agressão e é de lamentar”, contou Joaquim Paulo, um dos profissionais visados nos actos de tortura.

“Agrediram-nos psicologicamente com coisas do tipo: vocês vão ver, vão responder”, acrescentou, alegando que tudo aconteceu sem que tivessem infringido qualquer lei.

Foram detidos Escrivão José (director do Jornal Hora H), Angelino Cahango, Mauro Teixeira e Edmundo Barros, jornalista, operador de câmara e motorista do respectivo órgão, e mais seis jornalistas afectos à TV Maiombe, Angola 24 Horas, TV Nzinga, Rádio Escola, e outros, que apareceram no local para reportar o caso.

Entretanto, em declarações ao portal Correio da Kianda, o porta-voz do SIC, Manuel Halaiwa, confirmou a “retenção” dos referidos jornalistas, porém, anotou que “os mesmos foram retidos por não estarem identificados, aquando de uma manifestação devido à detenção de um jovem pelo SIC Luanda”.

Manuel Halaiwa disse que, depois de serem ouvidos para os devidos esclarecimentos, os jornalistas foram postos em liberdade.

Em reacção às declarações do porta-voz do SIC, o colectivo de jornalistas detidos chamou de “mentirosas” as alegações do órgão de investigação criminal.

“É vergonhoso. Uma instituição como o SIC Geral, ter um director de Gabinete de Comunicação Institucional e Imprensa que cospe mentiras diante da sociedade, dos seus chefes, e as chefias olham impavidamente!”, lamentou o colectivo de jornalistas detidos.

“Não é a primeira vez que Manuel Halaiwa faz declarações vergonhosas e caluniosas que prejudicam várias pessoas. E o SIC tinha que rever já esta pouca vergonha de manter um director mentiroso a representar uma área de responsabilidade”, criticaram.

Foram detidos, Escrivão José, Director do Jornal Hora H, Angelino Cahango, Mauro Teixeira e Edmundo Barros, jornalista, Cameraman e motorista do respectivo órgão, e mais seis jornalistas de diversos órgãos de comunicação, nomeadamente, TV Maiombe, Angola 24 Horas, TV Nzinga, Rádio Escola, e outros, que apareceram no local para reportar o caso.

Tudo isso acontece numa altura em que o Sindicato dos Jornalistas de Angola (SJA) acaba de anunciar a realização, no próximo dia 17 de Dezembro, em Luanda, de uma marcha de protesto e repúdio contra os vários incidentes de que têm sido vítimas os profissionais da comunicação social em Angola, sob o lema ‘Quem tem medo da liberdade?’.

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