Iémen revela convite dos EUA para integrar força de paz em Gaza
Os Estados Unidos da América (EUA) solicitaram ao Iémen que integre a força internacional a enviar para a Faixa de Gaza, no âmbito do plano de paz de Washington, disseram hoje à agência France-Presse (AFP) vários responsáveis iemenitas.
O governo iemenita, reconhecido internacionalmente no quadro da guerra civil no país, ainda não tomou uma decisão, segundo as estas fontes, que incluem um diplomata de alto nível, um oficial militar e um membro do Conselho Presidencial, que falaram sob anonimato.
O Conselho de Segurança da ONU adotou na segunda-feira uma resolução, por proposta dos Estados Unidos, de apoio ao plano de Washington para o conflito israelo-palestiniano, já iniciado pelo cessar-fogo entre Israel e o grupo islamita Hamas, e que prevê uma força internacional na Faixa de Gaza.
Fonte do Conselho Presidencial do Iémen e um diplomata iemenita afirmaram, porém, à AFP, que qualquer contribuição para a força seria em grande parte simbólica.
“Se participarmos, será apenas enviando alguns oficiais ou soldados (…) para fins logísticos. Não estarão envolvidos noutras operações”, declarou o diplomata à AFP.
Após trocas de reféns e prisioneiros ocorridas durante a sua primeira fase, o plano prevê o envio de uma Força Internacional de Estabilização para o enclave palestiniano, com a missão de proteger as fronteiras com Israel e o Egipto, desmilitarizar o território e desarmar “grupos armados não estatais”.
No entanto, vários países árabes e islâmicos hesitam em participar nesta força, que poderá potencialmente combater contra milícias palestinianas.
Questionado sobre o pedido ao Iémen, um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano disse à AFP que não iria comentar “conversas diplomáticas privadas” sobre o assunto.
“Como o Presidente [norte-americano, Donald Trump] já disse (…), haverá muitos anúncios importantes nas próximas semanas”, limitou-se a acrescentar.
O Governo iemenita reconhecido internacionalmente foi afastado da capital, Sana, em 2014, pelos rebeldes Huthis, que controlam grandes áreas do país.
Um alto responsável militar iemenita afirmou que a participação do Iémen na força internacional foi discutida com os norte-americanos, mas que o seu país ainda não recebeu um pedido formal.
“O problema é que não podemos dizer que não”, comentou.
O Governo iemenita depende fortemente do apoio da Arábia Saudita, aliada de Washington, que lidera uma coligação internacional desde 2015 para expulsar os Houthis, até agora sem sucesso.
Os rebeldes iemenitas lançaram operações militares contra Israel e contra a navegação comercial ao largo do Mar Vermelho e do Golfo de Aden a partir de 07 de outubro de 2023, em apoio dos seus aliados palestinianos do Hamas, que naquela data atacaram solo israelita, desencadeado o conflito na Faixa de Gaza.
Desde então, sofreram também pesados bombardeamentos por parte de Israel e também de uma coligação liderada por forças norte-americanas e britânicas destacadas para a região.
Os Hutis, um dos grupos da região apoiados pelo Irão, cessaram os seus ataques após o início da trégua em outubro no território palestiniano.