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Oxford Economics vê “alívio de liquidez” com a emissão de Títulos da Dívida mas alerta para elevado rácio dos encargos e necessidade de financiamento

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A consultora britânica Oxford Economics considerou que a emissão de Títulos da Dívida de Angola, no valor de 1,75 mil milhão de dólares norte-americanos, o primeiro desde 2022, traz um “alívio de liquidez”, porém, alertou para o elevado rácio dos encargos e necessidade de financiamento.

O país fez, na última segunda-feira, uma emissão de Títulos da Dívida em moeda estrangeira (Eurobonds), no valor total de 1,75 mil milhão de dólares norte-americanos, numa operação estruturada em duas tranches: uma de mil milhão de dólares, com maturidade de cinco anos (2030); e outra de 750 milhões de dólares, com maturidade de dez anos (2035), com taxas de juro (cupão) semestrais de 9,25% e 9,78%, respectivamente.

Na análise enviada aos clientes, o departamento africano daquela consultora britânica afirma que mantém “uma perspectiva cautelosa sobre a situação orçamental, considerando os níveis dos preços do petróleo Brent”, que estimam ser de cerca de 80 dólares por barril a médio prazo.

“O dinheiro extra poderia ajudar a amenizar o impacto de novos cortes nos subsídios, financiando políticas que compensem o impacto negativo a curto prazo”, acrescentam os analistas, apontando que o país recebeu, com a emissão, “um alívio muito necessário, aproveitando uma janela de preços favorável para emitir os tão esperados novos instrumentos de dívida”.

O financiamento de 1,75 mil milhão de dólares “pode ajudar a amortecer o impacto das medidas de austeridade impopulares, permitindo ao governo avançar com reformas fiscais cruciais” para garantir a aposta na diversificação económica e infra-estruturas reprodutoras do investimento.

Na opinião da Oxford Economics, “o clima macroeconómico de Angola tem mostrado sinais promissores de melhoria após um início de ano desafiante”, com as reformas, o aumento dos preços do petróleo e da produção a garantirem “uma certa estabilidade na economia”, que originou uma descida dos juros exigidos pelos investidores para cerca de 10%; o limite a partir do qual o país considerava impossível aceder aos mercados.

Em comunicado divulgado no dia da operação, o Ministério das Finanças salientou que o volume de intenções registado, que ultrapassou 6 mil milhões de dólares, “demonstra a credibilidade e a confiança dos mercados internacionais na economia angolana”.

O comunicado explica da Oxford Economics dá ainda nota de que esta operação visa diversificar as fontes de financiamento, optimizar a gestão da dívida pública e contribuir para o equilíbrio orçamental, “em alinhamento com a percepção de risco do país e com a conjuntura económica global”.

O governo anunciou também que pretende complementar o financiamento externo com a emissão de Obrigações do Tesouro em Moeda Estrangeira (OT-ME), no valor de até 300 milhões de dólares, destinadas a financiar o Orçamento Geral do Estado de 2025.

Esta iniciativa integra-se na estratégia de captação de recursos para colmatar as necessidades de financiamento do Orçamento Geral do Estado de 2025, “permitindo a prossecução dos objectivos económicos e sociais indispensáveis previstos no OGE”, explica o governo.

Outros objectivos são a captação de financiamento interno, diversificar as fontes de financiamento do OGE e diversificar instrumentos financeiros para a canalização das poupanças dos agentes económicos, conclui o documento.

*Com a Lusa

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