PR atribui a responsabilidade dos tumultos e assassinatos a “cidadãos manipulados por organizações anti-patriotas nacionais e estrangeiras”
O Presidente da República, João Lourenço, atribuiu, nesta sexta-feira, 1, a responsabilidade dos acontecimentos dos dias 28, 29 e 30 de Julho do corrente ano a “cidadãos irresponsáveis, manipulados por organizações anti-patriotas nacionais e estrangeiras através das redes sociais”. O chefe do executivo, que agradeceu “a pronta” reacção das forças da ordem — responsáveis por uma série de execuções sumárias —, considerou que “quem quer que seja que tenha orquestrado e conduzido esta acção criminosa, saiu derrotado”.
Num comunicado hoje dirigido à nação, o Presidente João Lourenço considerou que os acontecimentos, que se iniciaram na segunda-feira, 28, foram nada mais nada menos do que “actos premeditados de destruição de património público e privado, assalto e pilhagem de estabelecimentos comerciais, ameaças e coacção a pacatos cidadãos para não circularem, não se apresentarem ao trabalho, mesmo usando meios próprios de locomoção”.
A Associação Nacional dos Taxistas de Angola (ANATA) havia convocado, para os dias 28, 29 e 30 de Julho, uma paralisação do serviço de táxi, em protesto contra a subida do preço do gasóleo, mas várias informações desencontradas foram sendo divulgadas um dia antes pela imprensa pública nacional, incluindo desmentidos que vieram, mais tarde, a revelar-se igualmente “falsos” ou pelo menos desencontrados — o que levou a que muitos cidadãos ignorassem os apelos dos taxistas para não se fazem às paragens dos táxis.
Na segunda-feira, 28, primeiro dia da grave dos taxistas, por volta das 08h00, na zona do Calemba 2 e do Golf 2, município do Kilamba Kiaxi — dois dos primeiros pontos críticos dos acontecimentos — deu-se início a uma onda de vandalismo de autocarros públicos, veículos privados, saques, pilhagens em superfícies comerciais e destruição de património público e privado, assim como actos de confrontação directa com as forças da ordem, que recorreu ao uso indiscriminado da força letal para pôr termo à onda de destruição e de caos.
“Evidentemente que as forças da ordem actuaram no quadro das suas obrigações e, por isso, a ordem foi prontamente restabelecida, a vida voltou ao normal, mas as consequências dos actos protagonizados por cidadãos irresponsáveis manipulados por organizações anti-patriotas nacionais e estrangeiras através das redes sociais, trouxe o luto, a destruição de bens públicos e privados, a redução da oferta de bens essenciais e de serviços às populações e o desemprego dos angolanos que trabalhavam nesses estabelecimentos comerciais”, comentou hoje o chefe do executivo, na mensagem à nação.
João Lourenço, que se congratulou com o empenho da força da ordem na repressão aos actos de pilhagem, vandalismo e destruição de património público e privado, condenou “tais actos criminosos”, porém, lamentou igualmente a perda de vidas humanas, expressando “profundos sentimentos de pesar a todas as famílias enlutadas e votos de rápidas melhoras aos feridos como consequência dos tristes acontecimentos”.
O chefe do governo angolano, que vê mãos nacionais e estrangeiras na promoção das escaramuças, deixou igualmente um recado àqueles que, no entendimento do seu executivo, ajudaram a tomar medidas que possam impedir o reeditar dos acontecimentos desta semana.
“Quem quer que seja que tenha orquestrado e conduzido esta acção criminosa, saiu derrotado e ajudou-nos a todos, ao executivo e à sociedade, a tomar medidas preventivas e melhores formas de reagir em caso de reincidência, com vista a minimizar os danos sobre as pessoas e o património”, sublinhou.
O governo angolano concluiu também que Este episódio só vem confirmar que a educação dos nossos filhos, dos jovens que serão as mulheres e homens do amanhã, não está nas plataformas e redes sociais que não tem rosto nem identidade, mas na família, na escola e na comunidade comprometida com o presente e o futuro de Angola.
Por isso devemos concluir que o Estado, a família, as igrejas e as organizações da sociedade civil têm ainda muito trabalho por fazer nos domínios da educação cívica, moral e académica dos nossos adolescentes e jovens.