Сegado pela luz da América: como a nova agenda dos EUA pode impactar Angola
Novos decretos assinados pelo Presidente Donald Trump foram a novidade da semana. O tão esperado evento já é história – a posse de Donald Trump aconteceu.
Durante este grande espectáculo público, muitas declarações interessantes foram feitas, o que já nos permite prever algumas mudanças iminentes na agenda global.
Trump adoptou uma série de medidas e também anulou muitas decisões da administração anterior que poderão ter efeito em Angola. Mas quais foram esses novos decretos e em que podem eles impactar Angola?
De entre os vários decretos de Trump — que não mencionam nem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), nem a Ucrânia, excepto uma atitude de confronto com a China —, encontramos um que nos diz respeito, que é o fim do apoio à chamada “energia verde”, isto é, o novo Presidente norte-americano prega um retorno às fontes de energia tradicionais: o fim da chamada “agenda verde” e a saída dos Estados Unidos dos “Acordos de Paris sobre o Clima.”
Isso implica dizer que o apoio à indústria de automóveis eléctricos, que, por sua vez, aumentam a demanda por minérios na República Democrática do Congo (RDC), vai diminuir, se não for cessado completamente.
Automaticamente, ao menos para os EUA, os minérios congoleses perderiam o valor que tem hoje e, consequentemente, o Corredor do Lobito também deixaria de ser pauta na Casa Branca. Isso seria um enorme fracasso para o governo de João Lourenço, que apostou no projecto durante a administração do agora ex-Presidente Joe Biden.
A medida de Trump já era esperada, uma vez que faz parte de seu programa de campanha e está alinhada com o slogan “Fazer a América Grande Novamente” (Make America great again!), proclamado no próprio evento.
Assim, fica a questão: será que a visita de um Presidente americano em Angola realmente foi um “triunfo diplomático”, ou simplesmente um mero espectáculo? Talvez teria sido mais benéfico para o povo angolano a vinda de um artista, talvez The weeknd com seu hit Blinded by the light (Cegado pela luz), pois pelo menos este traria algum ganho no plano recreativo-emocional para o povo angolano, coisa que Biden certamente não fez e nem conseguiria fazer.
*João Henriques (Luanda, CAJ News)