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CEAST desmarca-se do grupo de organizações da Sociedade Civil que lançaram apelo para boicote do jogo contra a Argentina

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A Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) demarcou-se do grupo de organizações da sociedade civil angolana, que lançou, no dia 18 deste mês, um apelo a Asociación del Fútbol Argentino (AFA) e à selecção sul-americana, com o objectivo desta cancelar a disputa do jogo amistoso contra os Palancas Negras, agendado para Novembro próximo, no âmbito dos 50 anos da independência de Angola.

Em comunicado de imprensa, a CEAST afirmou que “acolheu com preocupação” a carta aberta conjunta, subscrita pela Pro Bono Angola, a Associação Justiça, Paz e Democracia (AJPD) e a Friends of Angola (FoA), datada de 19 de Agosto de 2025, contra a vinda da selecção da Argentina a Angola.

“A CEAST informa à opinião pública nacional e internacional que este assunto nunca foi tema de discussão em nenhum dos seus encontros”, lê-se no comunicado, informando “que os documentos que vinculam a CEAST são assinados e chancelados pelos bispos ou por um dos bispos”.

Na carta aberta conjunta, as organizações da sociedade civil argumentam que a referida partida de futebol “não representa uma comemoração inclusiva para o povo angolano”, e, sim, “um instrumento de propaganda política” num momento de crise social e de repressão política.

“Este apelo não se opõe ao desporto, nem aos laços de amizade entre os povos. Pelo contrário, trata-se de um grito de consciência diante da dolorosa realidade vivida por milhões de angolanos — uma realidade que contrasta de forma chocante com a ostentação e os gastos milionários envolvidos na organização deste evento”, reforçam as subscritoras do documento.

As organizações da sociedade civil defendem que mais do que não representar uma comemoração inclusiva para o povo angolano, o encontro entre as duas selecções “converte-se num instrumento de propaganda política, usado para encobrir violações e desviar a atenção da grave crise social”, por “investir milhões de dólares num evento desportivo, enquanto milhares passam fome, hospitais colapsam e a repressão se intensifica”, não ser “uma prioridade legítima” e antes um “um insulto à dignidade humana”.

Crise e repressão

As subscritoras apontam também para o ambiente de “repressão sistemática contra cidadãos que expressam pensamento crítico”, e o facto de “apenas um grupo selecto de cidadãos, maioritariamente ligados ao MPLA — partido que sustenta o governo — usufruem dos negócios e têm acesso às linhas de crédito”, apesar de Angola se apresentar como uma democracia de economia livre.

“Apesar de o país possuir uma enorme quantidade de riquezas naturais — petróleo, minerais, biodiversidade, recursos hídricos e mais de 11 milhões de hectares de terras aráveis — a esmagadora maioria da população vive em extrema pobreza e não usufruem dessas mesmas riquezas”, destacam.

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