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Cada médico cubano a trabalhar em Angola aufere anualmente mais 23 milhões kz do que um profissional nacional

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Os médicos cubanos em Angola auferem um salário base mensal de cinco mil dólares (cerca de 2.1 milhões de kwanzas), ao passo que os médicos angolanos ganham mensalmente 270 mil kwanzas, segundo dados apresentados pelo Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos (SINMEA).

O montante salarial dos médicos cubanos é oito vezes superior ao dos médicos angolanos, representando uma diferença salarial de 1.925,365 de kwanzas, de acordo com os cálculos feitos pelo !STO É NOTÍCIA.

Durante a Assembleia Geral do SINMEA, realizada no início deste mês, em Luanda, o órgão sindical revelou à imprensa que anualmente um médico angolano recebe 3.240,000,00 (três milhões duzentos e quarenta mil kwanzas), ao passo que o Estado angolano paga anualmente a um médico cubano 26.284,380,00 (vinte e seis milhões duzentos e oitenta e quatro mil trezentos e oitenta kwanzas), um diferencial de 23.040.380,00 (vinte e três milhões quarenta mil e trezentos e oitenta kwanzas).

Para além da exigência de um salário base não inferior a um milhão de kwanzas, o SINMEA apresenta no seu caderno reivendicativo a atribuição de subsídios e seguros de saúde, bem como a melhoria de condições laborais nas unidades hospitalares do país, que, segundo o presidente do sindicato da classe médica, Adriano Manuel, tem sido a maior barreira para os profissionais melhorem a qualidade dos serviços de saúde.

Recentemente, a ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social (MAPTSS), Teresa Rodrigues Dias, ameaçou suspender os salários dos médicos grevistas, afirmando que “quem não retomar os trabalhos vai ficar sem salário de Abril”.

“Não se vai processar os salários dos médicos que estiverem em greve”, avisou a governante, durante uma conferência de imprensa nas instalações do Ministério da Saúde, em Luanda.

Teresa Dias justificou a decisão pelo facto de o regime probatório impor limitações para que o técnico ou agente em processo de avaliação possa ou não transitar para o regime definitivo (funcionário público), reiterando que os “grevistas” correm o risco de ser impedidos de ingressar na função pública.

“Os grevistas vão seguir as orientações do Sindicato dos Médicos e é um direito que lhes assiste. A lei diz que os sindicatos que promovem a greve devem assumir as responsabilidades inerentes à remuneração desses grevistas”, referiu a ministra.

Com a morte “estranha” e “inexplicável” do vice-secretário geral do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos, Francisco Vieira, a classe médica afirma que vai reforçar o seu posicionamento e continuar a lutar “por uma causa justa e nobre, que dignifique não apenas a classe e os seus profissionais, mas também os pacientes e utentes que acorrem às várias unidades hospitalares do país”.

“Fomos surpreendidos ontem [domingo], por volta das 21h00, com a notícia da morte inexplicável do nosso colega e compatriota [Francisco Vieira], que a polícia alega o ter encontrado já sem vida na via pública, nas imediações do Rocha Pinto, onde ele morava”, lamentou, na ocasião, a vice-presidente do SINMEA, Domingas Mateus.

A autopsia realizada ao corpo do médico Francisco Vieira determinou como causa da morte um ‘enfarte agudo do miocárdio’. Os exames, nos quais participaram quatro médicos legistas — dois indicados pela direcção do Sindicato Nacional dos Médicos Angolanos e um membro da família do malogrado —, afastou qualquer uma outra causa que não a apontada nos resultados.

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